A visita aos entes queridos nesta segunda-feira (2), Dia de Finados, foi um pouco diferente, este ano, nos cemitérios públicos de Maceió. Por causa da pandemia da Covid-19, ao invés das grandes multidões, o que se viu foram lugares vazios. Pouquíssimos ambulantes comercializavam nos arredores dos Cemitérios de São José, no bairro do Trapiche da Barra, e Nossa Senhora da Piedade, no Prado.

A Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) adotou medidas para evitar aglomerações e redobrou os cuidados com os protocolos de saúde e segurança contra o coronavírus. Além disso, agentes da Guarda Municipal ajudavam a controlar o fluxo de pessoas nos dois cemitérios.

Dentro destes locais, as barracas foram colocadas com distanciamento de 1,5m, e os visitantes passavam por barreiras de proteção na entrada dos cemitérios com medição de temperatura e uso álcool em gel. O uso de máscaras era obrigatório. Uma portaria publicada no Diário Oficial do Município (DOM) limitou o número de visitantes, no máximo 300 pessoas por hora.

Quem optou por ir ao cemitério na manhã de hoje encontrou tranquilidade. Foi o caso da Gecília Gomes, que perdeu o filho há três anos. “Fiquei com medo de vir hoje porque achei que teria muita gente, mas não podia deixar de vir até meu filho. Quando cheguei, vi que tinha pouca gente, parece mais um dia comum, as pessoas não vieram”, disse.

Adeilda Lins perdeu a filha há 12 anos em um acidente de carro. Veio a pé até o cemitério, amparando-se em uma muleta e com dificuldade de locomoção. “Acho triste ver que, na rua, estão festejando, nos bares, mas aqui não tem quase ninguém. Eu não deixo de visitar o túmulo da minha filha, venho a pé há 12 anos, mas todos os dias de Finados estou aqui”.

Cemitérios de São José e Piedade tiveram movimento fraco pela manhã
FOTO: Pâmela de Oliveira

Para os ambulantes, no entanto, o movimento fraco não foi bom para as vendas deste ano. Gilvanete Moraes trabalha vendendo arranjos e velas na frente do Cemitério Piedade, no Prado, há 4 anos, e reclama do movimento baixo.

“O movimento está muito mais fraco do que eu imaginava. Geralmente tinham vários ambulantes aqui na frente, hoje só tem eu. Estou aqui desde as 5 da manhã, não consegui vender nenhuma vela e vendi só dois arranjos. É triste, mas vou continuar aqui o resto do dia”, afirma.

Trabalhando com artesanato há 30 anos, Maria Benedita vende arranjos na porta do Cemitério de São José. Com parentes já falecidos e sepultados no mesmo cemitério que trabalha, vê o trabalho no dia de Finados como uma necessidade.

“Eu já perdi familiares, conheço essa dor, mas, infelizmente, preciso vir trabalhar por necessidade. Estou aqui desde o domingo, dormi aqui mesmo e comecei as vendas às 5h. O movimento está até bom, mas, mesmo assim, está fraco comparando com o ano passado”, finaliza.

Início tumultuado

Fila com aglomeração marcou início de visitação no São José
FOTO: Douglas Lopes/TV Gazeta
No início do dia, antes mesmo das portas de o Cemitério de São José abrirem, houve registro de aglomeração. O caso foi registrado pela equipe da TV Gazeta. As filas começaram às 6h, o que contrariou os protocolos adotados pela Prefeitura.

Por meio de nota, a Sudes informou que um funcionário responsável pela administração e controle do Cemitério de São José teve um pico de pressão, no momento da abertura do portão, e isso acarretou no atraso das atividades. Mas, que logo a situação foi resolvida.

Confira a nota na íntegra.

A Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) informa que o funcionário responsável pela administração e controle do Cemitério São José teve um pico de pressão, no momento da abertura do portão, o que acarretou na atraso das atividades de controle. O funcionário foi socorrido e passa bem. A situação no local já foi normalizada. A Sudes reforça que os visitantes devem respeitar as normas de saúde e segurança, fazendo obrigatoriamente o uso de máscara, e respeitando os limites de distanciamento social.

Por Tatianne Brandão e Pâmela de Oliveira \ GAZETAWEB.COM

FOTO: Pâmela de Oliveira