O número de novos casos de Covid-19 tem apresentado alta em Maceió. Segundo estudo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) nas últimas cinco semanas o número de novos casos dobrou. A velocidade da transmissão da doença apresenta alta, segundo o Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz, Maceió e outras oito capitais têm probabilidade alta, mais que 95%, de tendência de crescimento a longo prazo.

Junto com o aumento dos casos, cresce também o risco de uma “segunda onda”, ou seja, um crescimento exponencial no número de casos, o que pode acarretar em novas medidas restritivas de distanciamento e pressão nos leitos hospitalares. Tal cenário negativo, pode ser evitado, segundo especialistas, caso as medidas preventivas – higiene e distanciamento -, sejam mantidas.

De acordo com o último boletim do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, divulgado esta semana, o número de novos casos diários passou de 145 há cerca de cinco semanas, para 278. Entretanto, o número de óbitos permanece estável. A ocupação hospitalar também tem se mantido bem abaixo do limite.

“Dado o histórico da expansão da Covid-19 pelo estado, que se espalhou a partir de Maceió, o recente aumento de casos na capital acende o sinal de alerta quanto a possibilidade de novas situações de descontrole na transmissão. No mais, pode-se notar que Arapiraca, o segundo maior munícipio do estado, também apresenta uma tendência de aumento de casos quando comparadas as últimas quatro ou cinco semanas, tendo registrado nesses período uma incidência de casos superior à de Maceió, quando esses números são comparados com suas respectivas populações”, diz o boletim.

O professor e pesquisador da Ufal, Gabriel Badue, que coordena o projeto de extensão responsável pelas análises, pontua que a progressão dos casos tem gerado preocupação em relação ao descontrole na circulação da doença.

“Especialmente a partir da 42ª semana, a gente começou a observar que começou a aumentar de novo, com algumas oscilações e as duas últimas semanas esse aumento e manteve constante. Principalmente em Maceió, que é onde tudo começou. Se a gente analisar lá em março no início da pandemia, o aumento partiu de Maceió e foi puxado para as demais cidades. Nesse período [quatro semanas] houve aumento de quase 100%, é uma tendência de alta. Além disso, Arapiraca tem uma incidência mais alta se comparada a população, é outro fator que impacta mais ainda. E aí a tendência com toda essa aglomeração que a gente vem tendo agora. A grande questão é que a gente não tem elementos ainda para afirmar se vai haver uma segunda onda, mas há um aumento grande de casos”, diz.
Aumenta registro de aglomerações com as campanhas eleitorais

O aumento das aglomerações citadas pelo pesquisador está sobretudo relacionado às campanhas políticas das eleições para prefeito e vereador este ano, que tiveram seu primeiro turno realizado no último domingo, 15 de novembro.

Segundo ele, vários fatores são atribuídos à “negação” da doença, mas é importante que a sociedade entenda a importância de manter os cuidados. “Esse é um fator de risco muito grande que a gente tem. Observamos em diversas regiões do estado e em Maceió o aumento das aglomerações e isso aumenta o risco de contágio da doença. Todos aqueles cuidados tem que ser mantidos. O uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento. Existem evidências cientifícas importantes que o uso de mascaras previne, e quando a gente vê candidatos não usando máscaras, aglomerações, falta de cuidados, isso preocupa”.

“Há uma tendência natural, e isso entra vários fatores seja psicológicos, econômicos, psicossociais, há uma tendência de negação da doença, mas não há evidência pra isso, pelo contrário, os números que a gente tem observado apontam para o risco e não são pequenos de termos um retorno”.

O pesquisador afirma que não dá para descartar um retorno a medidas mais rígidas de distanciamento social considerando.

“A gente vem acompanhando isso de maneira muito precária, não temos pessoal disponível, analisamos os dados que são liberados pelos órgãos, enfim. Não estamos no momento de regredir de fases, mas a gente não descarta essa possibilidade no futuro caso a gente tenha novas situações de descontrole, não é descartado”.

A Secretaria de Estado da Saúde de (Sesau) foi procurada para comentar o assunto, mas afirmou que só poderia enviar um posicionamento nesta quarta (18).

Fonte: Tribuna independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Edilson Omena)