ma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indica que 58% dos estabelecimentos do setor em Alagoas tiveram um endividamento considerável este ano por causa da pandemia e a alternativa encontrada por comerciantes foi fazer novos empréstimos para manter o negócio. Outros 21% tentaram, mas tiveram negativa dos bancos.

Ainda conforme a análise da Abrasel, proprietários estimam que possam levar até dois anos para trazer as dívidas a um patamar normal ou aceitável. Mais de 30% dos bares e restaurantes em Alagoas fecharam setembro no vermelho. A média nacional é de 53%.

A pesquisa menciona ainda que 33% das empresas faturam hoje abaixo do esperado e 39% delas estão faturando menos da metade do que na mesma época de 2019. Apenas 14% dizem estar faturando mais.

54% das empresas não pretendem contratar funcionários. Dos que irão contratar, o aumento será de até 10% no quadro. Dos 350 associados da Abrasel apenas 18 fecharam as portas por conta da pandemia.

“A gente ainda amarga mais de 30% das empresas operando no prejuízo e o nível de endividamento é altíssimo, ou seja, mais de 50% delas; e isso é muito preocupante para a gente, tendo em vista um período de retomada com a alta dos preços no mercado de insumos o que impossibilita o empresário de ter fôlego de retomar as atividades com mais segurança e tranquilidade, sabendo dos desafios que tem pela frente e principalmente para o ano que vem (2021), onde as empresas terão que se reinventar, reconstruir, buscando soluções para compensar as perdas em relação aos seus faturamentos, prejuízos e empréstimos para fazer os pagamentos”, enfatizou o presidente da Abrasel Alagoas, Thiago Falcão.

Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel Nacional, explicou que em algumas cidades foram seis longos meses de portas fechadas e, no começo da retomada, só foi permitido abrir em horários muito restritos.

“Alguns perfis de empresa estão sofrendo mais, como os que atendem as classes A e B. Outros, como os que têm perfil de público C e D, estão tendo uma retomada melhor, parte explicada pela renda relacionada aos benefícios emergenciais. Em volume estimo que já chegamos a 60% do que era na mesma época de 2019, antes da pandemia”, salientou.

Empresas ainda sentem consequências do isolamento

O chef Manollo diz que ainda sofre as consequências dos meses fechados. “Foram quatro meses sem funcionar e o delivery foi um desastre”, frisou. “Levamos a vantagem de oferecer um espaço ao ar livre que é muito ventilado. Embora não podemos disponibilizar muitas mesas. Mesmo assim o pessoal ainda tem receio de sair de casa”, emendou.

Ele contou que não houve reajuste algum em seu cardápio, tendo em vista, que, se seguisse a orientação, espantaria seus clientes. “Estou com preços há mais de um ano. Não está fácil. Mas os nossos clientes amam o restaurante. Isso é o que nos faz continuar”, afirmou.

Segundo a Abrasel Alagoas, os comerciantes do setor tiveram que ajustar preços no cardápio na retomada das atividades no estado. Além do fechamento do negócio durante o isolamento social, os custos com mercadorias subiram mais de 15% em relação ao mesmo período antes da crise.

Bruno Marzullo, proprietário de uma rede de restaurantes em shoppings e rua de Maceió, destacou que o momento que passou fechado foi um grande baque. “Fomos obrigados a pagar nossas despesas sem faturar, sanamos na medida do possível. Se não fosse a ajuda do governo federal que pagou nossos funcionários… Então ajudou muito neste sentido, do contrário quebraríamos em 90%”, frisou.

A alternativa, de acordo com Bruno, foi abrir imediatamente os restaurantes também com o delivery, que antes não compensava, não correspondia nem a 10% do faturamento. “Mas conseguimos melhorar com 25 a 30% do faturamento”, disse Bruno.

“Não aumentei os preços, mantive seguindo com os mesmos valores, apesar da demanda reprimida e as indústrias sem funcionarem. Os valores das mercadorias aumentaram, mas não repassei, mesmo diminuindo a margem de lucro”, contou.

O gerente Joabis Silva comemorou o movimento no restaurante em que trabalha no shopping da parte alta de Maceió. “Vem melhorando mês a mês. A nossa expectativa para esse final de ano é boa. Esperamos lógico, que não haja aumento do número de infectados pela Covid, pois isso pode acabar com a quantidade de clientes no shopping e consequentemente no restaurante”, avaliou.

Ele diz que houve muitos prejuízos em relação a tudo. “No fechamento total que houve, fomos forçados a demitir muitos colaboradores, pois só ficamos funcionando pelo delivery”, revelou. “Graças a Deus as pessoas estão retornando e vindo em nosso restaurante, perdendo um pouco o medo. Mas nós aqui estamos seguindo todos os protocolos de segurança para garantir para todos os nossos clientes e colaboradores o máximo de segurança que podemos dar”, afirmou.

Para o gerente foi muito difícil trabalhar somente com entrega, pagar os fornecedores e colaboradores do restaurante. “Passamos por muitos apertos, mas com a reabertura as coisas começam a melhorar”, garantiu.

“Prejuízos são irreparáveis”, diz presidente de associação

A presidente da Associação dos Lojistas do Maceió Shopping (ALMSCS), Lana Retore, destacou que embora os prejuízos sejam muitos e irreparáveis de forma geral, na Praça de Alimentação do centro de compras não houve registro de fechamento de nenhuma loja.

“A retomada ainda está gradativa… Os estabelecimentos precisaram passar por uma série de adequações para garantir toda a segurança dos clientes e consumidores. O fluxo diminuiu quando comparado com o mesmo período de anos anteriores, mas todos os empreendimentos que trabalham com alimentos adotaram uma série de medidas para garantir a saúde dos clientes”, destacou.

“Entre os itens estão o uso de luvas descartáveis para o serviço de self service, álcool, retirada das bandejas, distanciamento das mesas, exigência do uso da máscara. Estamos sentindo uma maior adaptação do público às normas exigidas”, observou.

POF

Uma pesquisa indicou que o brasileiro está comendo menos fora de casa e não é de hoje. O estudo mostrou que tem menos famílias se alimentando fora com frequência, principalmente em centros urbanos. O dado foi levantado de julho 2017 a julho 2018, portanto antes da pandemia, que deve gerar ainda mais impactos no futuro.

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018, feita com quase 58 mil domicílios do país, revelou que apenas 36,5% das famílias disseram ter o costume de comer fora de casa.

Fonte: Ana Paula Omena \ TRIBUNA HOJE

(Foto: Edilson Omena)