Verão começa na próxima segunda-feira (21), mas o calor já é intenso em Alagoas. E a previsão climática indica a possibilidade de temperaturas acima da normalidade ainda para este ano no estado, quando as máximas devem ficar na casa dos 33 graus no litoral alagoano e podem chegar nos dias mais quentes perto dos 40 graus no Alto Sertão. As informações são do coordenador da Sala de Alerta da Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Vinícius Pinho.

De acordo com ele, em relação ao Verão, a expectativa é de temperaturas elevadas nesta estação do ano. “Teremos um Verão com temperaturas bem próximas às do ano passado”, avisa Pinho.

“Em relação às chuvas, estamos sob influência de um La Niña, e isso pode ser indicativo de algumas pancadas de chuva. As famosas trovoadas que costumam ocorrer no Verão, mas como os níveis dos reservatórios estão baixos, a tendência é de agravamento da seca até o início do próximo período chuvoso”, continua ele.

Vinicius Pinho alerta que este será um dos verões mais secos. “A seca deve ser grave, mas menos grave que a seca dos anos anteriores. A sensação térmica depende basicamente de dois fatores: da incidência de ventos, que neste ano estão mais fracos, e da nebulosidade. Então, isso deve fazer com que as sensações térmicas sejam de mais calor ainda”, refrisou.
Estação requer cuidados redobrados com a pele

Para aproveitar o Verão que ainda não chegou é importante reforçar os cuidados com a saúde, mais especificamente com a pele se hidratando e usando proteção solar. Segundo a dermatologista Cleide Vieira, o básico da proteção é o uso do protetor solar UVA e UVB e, no Verão, o fator de proteção deve ser maior. Para a dermatologista, até mesmo embaixo da barraca, na praia, deve-se usar o filtro solar, porque a pele pode ser afetada pelo reflexo do sol na areia.

“O protetor solar deve ser um hábito diário, porque o Brasil é um dos países com maior nível de radiação do mundo. Os índices de raios ultravioletas são altos em todas as épocas do ano, e os danos que o sol causa na pele são cumulativos”, explica.

O cuidado deve ser redobrado com as crianças, principalmente aquelas que ficam muito tempo na água. De acordo com Cleide Vieira, os filtros solares para essas crianças devem ser resistentes à água. Nesses casos, o protetor deve ser reaplicado a cada hora. “É bom ficar atento. Mesmo usando filtro, a criança não estará blindada aos efeitos nocivos do sol. Outra medida de suma importância é evitar o sol entre 10h e 16h. Não é recomendável deixá-los horas a fio na água. Uma pausa embaixo da barraca ou na sombra deve ser ensinada aos pequenos”, orienta.

A dermatologista diz ainda que os filtros com fatores de proteção solares mais altos ficam mais tempo na pele, o que é ideal para esta época do ano. “Os raios ultravioletas (UV) são radiações eletromagnéticas emitidas pelo sol, capazes de afetar a nossa pele. Os raios UVA têm ondas mais longas e penetram profundamente na pele, chegando até a derme. Estão presentes no ano e no dia inteiro e seu efeito cumulativo pode desencadear fotoenvelhecimento, desordens pigmentares como melasma, alergias cutâneas, além do câncer de pele. Enquanto os raios UVB têm ondas mais curtas e penetram superficialmente, chegando até a epiderme, predominando das 10h às 16h”, completou.

Exposição a calor muito grande pode levar à morte

Humberto Barbosa, do Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat) da Ufal e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), explica que a métrica mais comum para determinar o efeito da umidade relativa, sobre a temperatura aparente do ar, chama-se índice de calor. O índice de calor, segundo ele, nos mostra que a temperatura elevada, aliada à umidade relativa alta, também propicia uma situação de risco.

“Uma pessoa sobrevive poucas horas se exposta a uma temperatura de 35 ºC e umidade de 85%. Outra condição que pode levar à morte é a temperatura do bulbo úmido, de 35 ºC. Bulbo úmido é um tipo de termômetro, que mede a temperatura do ar, se ele estivesse saturado para o vapor d’água”, disse.

Para o professor isso acontece porque a principal causa de morte em ondas de calor é a insolação. Devido à umidade, a vítima perde a capacidade de controlar sua temperatura pelo suor. A temperatura do corpo sobe, causa danos no cérebro e pode levar à morte.

“Existe um instrumento meteorológico chamado psicrômetro e ele tem dois termômetros: um de bulbo seco (que mede a temperatura do ar) e outro de bulbo úmido. Não confundam o valor do índice de calor com a temperatura do bulbo úmido”, observou Humberto Barbosa.

De acordo com o coordenador do Lapis, a forma de mitigar tais problemas é tão óbvia quanto intuitiva: se manter sempre hidratado e refrescado, se possível por meio de ar-condicionado, ventilador ou banho frio.

Fonte: Tribuna Independente / Ana Paula Omena

(Foto: Edilson Omena)