Defesa Civil de Maceió divulgou nesta terça-feira (29) que um mapa de relevo da região da Lagoa Mundaú foi produzido por especialistas do órgão. O material visa identificar os tipos de relevo e suas influências, e assim ajudar nas ações e na confecção de um outro mapa, desta vez de risco para a região afetada pela mineração de sal-gema. A Tribuna Independente conversou com o geógrafo Walber Gama responsável pela elaboração do mapa.

Segundo a Defesa Civil, o mapa deve nortear providências a serem tomadas futuramente na região. “Para contribuir com a gestão e redução de riscos em Maceió, o Centro Integrado de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cimadec) elaborou o Mapeamento Geomorfológico do Complexo Lagoa Mundaú/Chã da Jaqueira. O estudo, pioneiro em escala de detalhes em Maceió, possibilita definições de locais para a implantação de possíveis medidas estruturais – fundamentais em áreas com ocupação humana vulneráveis ou em leito de inundações fluviais, que visem a redução de risco na região”, disse.

O geógrafo Walber Gama explica que o objetivo do levantamento de dados é entender como os processos de relevo, inclusive de movimentação de solo acontecem e como cada parte vem sendo afetada.

“Isso serve para identificar quais áreas são mais propensas a um deslizamento, a um alagamento, áreas mais suscetíveis a erosão e subsidência. Esse mapa ajuda a entender outras informações que estão por vir. Como o mapeamento geológico, os dados de feições no terreno, tudo isso é integrado. Essa cartografia em detalhe dá a condição de construir o mapa de risco”, esclarece.

A iniciativa, segundo ele, é inédita. Até então os mapas confeccionados para a cidade possuíam limitações.

“Maceió tem um mapa em uma escala regional, não tem um que sirva para planejamento desse tipo. Esse é o primeiro nesta escala. A CPRM até fez um, mas numa escala onde o detalhe é menor. Quanto menor a escala o nível de detalhe é maior, esse é primeiro no nível de detalhe, de relevo, geologia, com potencial de movimentação feito para Maceió”, aponta.

De acordo com a Defesa Civil de Maceió, a coleta de dados identificou 14 tipos de “unidades de relevo”.

“O resultado inicial deste Mapeamento Geomorfológico do Complexo Lagoa Mundaú/Chã da Jaqueira, constam um total de 14 classes de unidades do relevo, apontando áreas de alagadiços, área com interferência humana no relevo decorrente de corte nas vertentes e material de aterro, entre outros”, diz o órgão.

O especialista pontua que determinadas áreas que são mais suscetíveis a movimentações, precisam de um melhor acompanhamento e monitoramento. “São justamente essas áreas que têm sido ocupadas por moradias, encostas, aterros, que agrava processo de deslizamento no período chuvoso. Outro grande problema é a questão de alagamentos, como no Riacho do Silva, na região do mangue na borda da lagoa. E se há um processo de mineração, subsidência, os danos nessas áreas vão ser maiores. Isso pode ajudar a tomada de medidas como reconstrução de taludes, encostas, contenção de alguma área, como também identificar áreas que não deveriam ser ocupadas por moradias, como no Pinheiro, parte do Farol que são áreas abaciadas.”

TRIBUNA HOJE

(Foto: Edilson Omena)