Prefeitos eleitos nas eleições de 2020 começam a migrar para o MDB, partido do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros. Esta movimentação já é um indicativo sobre a pavimentação política com vistas à campanha de 2022. Apesar de ainda não confirmar – e ser muito distante para isso –, as informações dos bastidores políticos são de que ele será candidato ao Senado Federal. À Tribuna, Renan Filho disse que o MDB busca ampliar a capilaridade política para fortalecer a chegada dos investimentos aos municípios alagoanos.

“Nada é garantido, mas obviamente a parceria fica maior e o grande beneficiado é o cidadão que reside nos municípios”, pontuou o governador.

Já o senador e presidente do partido em Alagoas, Renan Calheiros, questionado se a vinda de novos prefeitos para a legenda emedebista seria para fortalecer o MDB visando as eleições de 2022, disse que o partido ainda não está avaliando esse cenário, mas ressaltou que o MDB foi quem mais elegeu prefeitos no estado, teve o melhor desempenho do Brasil e se manteve como a maior força política regional e nacional.

“O partido está forte para qualquer disputa, mas pensará nisso na hora certa. Importante agora é trabalhar para ajudar as prefeituras e melhorar a vida dos alagoanos”, salientou o senador confirmando que há densidade eleitoral para uma possível candidatura do MDB ao Senado e ao governo estadual em 2022.

“Saímos das urnas administrando mais de 80% das cidades alagoanas e seguimos crescendo e agregando mais gestores, que de uma maneira ou de outra já estavam próximos ao MDB. Acho que essa crescente adesão ao nosso partido é um processo natural e politicamente relevante para todos os lados. Afinal, temos o governador com mais de 70% de avaliação positiva, com as contas organizadas e cerca de R$ 5 bilhões para investir. Além disso, há um desempenho exemplar em várias áreas. Na segurança, somos o estado que mais reduziu a violência; na infraestrutura rodoviária, segundo a CNT, temos as rodovias melhores conservadas e vamos duplicar mais de 300 quilômetros até o final do governo. Também há os novos hospitais e a melhoria nos índices da educação. É uma realidade favorável a qualquer gestor e partido político. Ninguém tem esse cenário no Brasil”, contextualizou o senador Renan.

O MDB, que fez 38 prefeitos nas eleições de 2020, tem agora 44 gestores. Os recém-chegados são Júlio Cezar, de Palmeira dos Índios. Ele deixou o PSB. Jaime do Mercado, de Palestina, que era filiado ao Republicanos e Will Valença, de Tanque d’Arca, que era filiado ao PSD. Na última semana a legenda emedebista filiou Valmiro Gomes, de Poço das Trincheiras, ex-PSDB, Jorge Galvão, de Jundiá, e Leopoldina Amorim, de Maribondo, ambos do PSD, do deputado federal Marx Beltrão.

O PP segue com 28 e o PTB com 12 este ano. O PSD tinha quatro, ficou com um. PSC e PL mantém três, cada um. Republicanos tinha três e ficou com dois. O PSB tinha dois e ficou com um. Mesma situação do PSDB. O DEM continua com dois. PT, Cidadania e Podemos mantém um, cada.

À Tribuna, a assessoria de Júlio Cezar, prefeito de Palmeira dos Índios, informou que a filiação dele ao MDB foi um gesto de reconhecimento e gratidão por tudo que o governador Renan Filho fez e está fazendo para o município.

“O governador Renan Filho tem se mostrado um grande parceiro de Palmeira dos Índios. Ele já vem investindo na cidade, e recentemente, anunciou uma série de investimentos nas áreas da segurança pública e infraestrutura urbana e viária. Renan Filho anunciou a construção de um Hospital Regional. O Hospital Regional do Médio Sertão de Palmeira dos Índios. Um sonho para a população de Palmeira. Outro sonho também anunciado: a construção do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) um equipamento que trará mais segurança ao município e região, entre outras ações. Nunca se viu tanto progresso nessa cidade, depois da parceria Júlio Cezar e Renan Filho. A filiação de Júlio é mais que justa”.

Fidelidade em relação a cargos executivos tende a ser menor

Politicamente, as bases de prefeitos e vereadores são extremamente importantes para a contabilidade de votos. Em cima desse cenário, a reportagem da Tribuna consultou a cientista política Luciana Santana para saber se é natural essa saída dos prefeitos das legendas; se prefeitos de cidades consideradas pequenas garantem força na hora dos votos e apoios nas eleições e se esta movimentação do MDB é natural, tendo em vista o fortalecimento do PP tanto nas eleições municipais e agora com Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados. Como também se esses prefeitos tendem a ser mais contemplados pelo governo do MDB.

A cientista disse que entre os interstícios eleitorais é comum ver algumas movimentações partidárias. Ela lembra que isso se reduziu a partir de 2007, com mudanças na legislação eleitoral, na interpretação de que o mandato pertence ao partido e não ao parlamentar, no caso da Câmara dos Deputados. Só que, segundo ela, essa fidelidade em relação a cargos do Executivo acaba sendo menor, então isso abre a possibilidade que esses prefeitos eleitos se sintam à vontade para migrar para outra legenda que atenda melhor as suas perspectivas futuras e a sua própria sobrevivência política.

“Então, acaba que isso é recorrente. Nenhum tipo de apoio pode ser descartado, por mais que o prefeito esteja à frente de um município pequeno porte ele pode ter o poder de agregação de força política importante, inclusive para mobilizar outros quadros para levantar outros nomes que possam dar o suporte necessário em uma eleição para determinados candidatos. Então faz diferença sim”, avalia Luciana Santana.

De acordo com Luciana, o partido ter um presidente da Câmara dos Deputados e com força política no estado faz diferença. Dessa forma, ela avalia que essas articulações do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros têm muita relação com a estratégia de sobrevivência de manutenção de poder e força política do MDB para a próxima eleição.

“Eu diria que esse tipo de articulação é normal num contexto como esse. Possivelmente nesse processo de articulação e filiação deve haver algum tipo de contrapartida, então pode ser sim que eles acabem sendo mais beneficiados em algumas ações ou projetos oriundos do governo estadual. Mas é algo que a gente só vai saber a partir de agora e se comparar com o que vinha acontecendo anteriormente”.

Fonte: Tribuna Independente/repórter Carlos Victor
(Foto: Edilson Omena)