A pandemia do coronavírus reduziu as comemorações que priorizavam outras bebidas e o consumo de vinho cresceu mais de 20% durante a pandemia em Alagoas. As informações são da Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA/AL)

Raimundo Barreto, presidente da entidade, atribui o crescimento à pandemia, tendo em vista que as pessoas se resguardaram dentro de suas casas e compraram bebidas para consumir, principalmente vinhos. “O crescimento foi considerável, os supermercados sentiram sim, esse aumento. Com a necessidade de ficar mais tempo em casa e o fechamento de bares e restaurantes durante um período do ano, o investimento em bebidas mais refinadas e a mudança de hábitos fizeram o consumo de vinho subir. A vendagem foi muito boa, em média 20% maior se comparado ao ano de 2019”, comemorou.

Um levantamento realizado pela Ideal Consulting, empresa que mede o comércio entre as vinícolas e supermercados, lojas e restaurantes, somando importações, analisou que na contramão de setores que sofreram com a pandemia do coronavírus, o mercado de vinhos teve alta de 31% em 2020.

Ao todo, foram 501,1 milhões de litros comercializados em 2020 contra 383,9 milhões de litros no ano anterior. O consumo médio de vinho no Brasil aumentou mais de 20% em 2020, saltando de 2,1 litros/habitante em 2019 para 2,7 litros/habitante.

A reportagem da Tribuna Independente foi informada por Felipe Galtaroça, CEO do Ideal Consulting, que a empresa ainda está trabalhando para fechar os dados por estado e que ainda não teria sido concluído.

Ivanilda Rabelo, do setor administrativo da Mister Frios, em Maceió, observou que essa tendência foi constatada no comércio. “A venda de vinhos aumentou e muito. Nossos clientes já assíduos compraram mais e tiveram aqueles novos que também aderiram. Aqui nós temos muitas opções do vinho mais simples ao requintado, temos para todos os gostos”, ressaltou.

“O delivery do mesmo modo aumentou bastante, não fechamos na pandemia por sermos do serviço essencial. Então as vendas realmente foram maiores, não sei dizer em que percentual, mas seguramente bem maior que no ano de 2019 quando o quesito é vinho”, complementou Ivanilda Rabelo.

Plínio Monteiro disse que já bebia vinhos e conhecia um pouco sobre o assunto, mas foi durante a quarentena que o fez despertar. “Na pandemia, como não estávamos saindo pra comer, passamos a cozinhar mais, daí passamos a procurar algum vinho para harmonizar, foi só consequência. Já consumíamos, durante a pandemia e só aumentou o consumo”, descreveu.

Andreza Araújo que trabalha com venda de vinhos delivery desde 2019 (@vinhodeaazoficial) contou que iniciou pelos vinhos suaves (doces) há oito anos. Mas que foi descobrindo o mundo do vinho mesmo através do incentivo de um amigo, Alexandre Lino. Segundo ela, a pandemia ajudou a aumentar o consumo do vinho. “As pessoas começaram a apreciar mais o vinho em casa, em família”, observou. “Inclusive vi muita gente que não era tão adepta à bebida começar a provar e gostar”, frisou.

Andreza Araújo (centro) em jantar de harmonização de vinhos e pratos (Foto: acervo pessoal)

Enófila, que gosta e estuda sobre vinhos, Andreza sugeriu para os iniciantes que comecem pelos brancos e rosés. Que são mais leves e refrescantes. Ou até mesmo pelos espumantes moscatéis.

Quanto à harmonização do prato, para ser mais simples, Andreza reforçou que vai muito de acordo com o “peso” da comida. “Um vinho mais leve pede uma comida mais leve, por exemplo: peixe vai bem com vinho branco; e um prato mais pesado pede um vinho com mais corpo, exemplo: uma carne pede um vinho tinto”, destacou.

Cínthia Fernanda que sempre gostou de vinho, enfatizou que não mudava o paladar, mas por curiosidade diante das postagens do Vinho de AaZ, ficou curiosa para apreciar vinho seco. “Daí iniciei nesse mundo fantástico do vinho”, frisou.

“A Pandemia contribuiu para aumentar o consumo de vinho, e isso ajudou mais ainda. Hoje só tomo vinho seco, há outro paladar, a gente começa a diferenciar o tipo de uva e tal…”, completou.
Harmonização entre a bebida e comida

Para Tina Purcell existe uma regra básica sobre a escolha do vinho para cada prato e normalmente dizem que os tintos são para carnes vermelhas, brancos ou rosés para carnes brancas. Porém ela salienta que isso vai muito além do que uma simples regra.

“Porque junto com as proteínas têm os seus acompanhamentos, seus molhos. E aí é preciso ter um pouco de conhecimento. Mas tirando conhecimento de lado, cada vez mais as vinícolas estão proporcionando aos consumidores essa informação no contra rótulo, ou seja, aproximando os clientes do consumo do vinho. Então se o cliente olhar o contra rótulo vai ver que está tudo sendo informado, como a temperatura ideal que o vinho deve ser servido, características organolépticas de cor, aroma e sabor, bem como a harmonização, se aquele vinho combina com carnes vermelhas, tipo de massas. Então isso facilita bastante o acesso do consumidor ao vivo facilitando a escolha do melhor vinho para determinado prato”, explicou.

Ainda de acordo com Tina Purcell, de modo geral é bom que o cliente escolha o vinho que já gosta de consumir ou a uva que ele tenha preferência, seja ela mais ácida ou mais leve, e tente harmonizar com o seu prato preferido.

“O Senac promoveu um workshop para falar de vinhos leves e de verão, e algumas harmonizações, teremos outros, justamente para deixar o consumidor, o cliente cada vez mais encantado com o mundo dos vinhos, assim como eu sou. Nossa intenção é formar cada vez mais enófilos, ou seja, pessoas apaixonadas e encantadas com o mundo do vinho e claramente capacitar pessoas para que possam fazer o serviço do vinho, que é o profissional de sommelier”, concluiu.
Senac faz workshop com tema “Vinhos Leves para o Verão e Harmonização”

Como o crescimento do consumo de vinho se destacou durante a pandemia de Covid-19 em 2020 com novos adeptos, a bebida passou a receber mais atenção por apresentar variedade de sabor e combinações únicas.

Com isso também surgiram pessoas querendo conhecer melhor o assunto. Desta forma, o Senac Alagoas realizou no dia 10 de fevereiro último, a primeira edição presencial do Cozinhando com o Senac com o tema: “Vinhos Leves para o Verão e Harmonização”.

A gerente de gastronomia e sommelier do Senac, Tina Purcell, afirma que a alavanca de vendas de vinhos foi por conta da pandemia. “Foi a maior responsável pelo aumento sim, sem dúvidas, principalmente no e-commerce que apresenta dados de vendas de vinhos no Brasil”.

Ela explica que o vinho tem propriedades interessantes. Inclusive, estudos apontam que o consumo diário da bebida, sobretudo os tintos, contém substâncias que favorecem a questão imunológica, dos radicais livres, entre outros aspectos.

“Sem falar também que o vinho é uma bebida de fácil consumo”, menciona. Tina Purcell diz que, para aqueles iniciantes, a melhor opção de vinhos são aqueles vinhos os mais leves com uvas mais delicadas (Carménère e Pinot Noir). No entanto, ela revela que as pessoas prefiram os vinhos que tenham uma doçura e leveza no paladar.

“E sugerimos outra linha, de vinhos adocicados (Demic sec e Moscatel), porém há aqueles ainda mais doces que são o caso daqueles de colheita tardia e os tintos, mais fáceis de aceitabilidade”, frisa.

Fonte: Tribuna Independente / Ana Paula Omena

(Foto: Edilson Omena)