Cerca de 70 mortes de animais foram contabilizadas pelos protetores de animais dos bairros do Pinheiro e Bebedouro, os chamados SOS Pets. Segundo eles, boa parte das mortes está associada a envenenamentos. Eles pedem ajuda da população e dos entes envolvidos nos problemas do bairro para buscar uma solução.

Segundo Sandra Catão, coordenadora do SOS Pet Bebedouro, a situação é muito difícil. Diariamente ela registra mortes de animais e as condições nas ruas é cada vez mais precária. Apenas na rua que ela costuma alimentar, foram 13 animais encontrados sem vida.

“A verdade é que os animais estão vulneráveis, a atropelamentos, envenenamentos, a serem mordidos por outros animais, e até a maldade humana, sabemos que muitos marginais circulam por ali e judiam dos animais. Não é uma quantidade normal de animais no bairro, a gente sabe que a maioria tinha tutor e foi deixado lá. Tem animais que ficam na porta das casas esperando o dono voltar, é uma judiação e a Braskem precisam assumir a responsabilidade porque ela é responsável por tudo isso que está acontecendo. Não estamos eximindo os tutores da responsabilidade, mas esses animais não podem ser deixados para morrer, a Braskem precisa fazer algo”.

Sandra conta que recentemente, iscas de dedetização foram instaladas pela Braskem próximo ao local onde os gatos e cachorros são alimentados. Algumas das iscas foram violadas.

Para a líder do movimento SOS Pet Pinheiro, Elisa Moraes é preciso que a população saiba o que vem ocorrendo nos bairros. Embora não responsabilize a empresa diretamente, ela defende a construção de um abrigo para atender os animais da região.

“A inércia da Braskem tem contribuído para esse resultado. Quando ela se nega a construir um abrigo para esses animais. Os animais estão a mercê de tudo. Muitas vezes não tem uma pessoa numa rua dessa para socorrer um animal. O bairro tá deserto. Espero que a Braskem assuma essa responsabilidade. Construa um abrigo de forma consciente com tudo que é necessário. Depois de 1 ano de conversas no Ministério Público Estadual ela vem dizer que é prematuro se falar em abrigo. Quando morre animal todo dia praticamente. Não só os de maus tratos, mas os filhotes que nascem e não resistem. E o abandono que ela tanto critica ser culpa dos protetores, quando a culpa é dela que destruiu 4 bairros de uma cidade… Os animais estão morrendo nesses bairros. As pessoas precisam saber disso”, desabafa.

Elisa afirma ainda que tem buscado meios legais para responsabilização quanto ao problema.

“Nós do SOS Pet Pinheiro e o pessoal do SOS Pet Bebedouro temos tentado identificar os pontos com essas mortes. Temos passado para o delegado Leonam Pinheiro e para a Comissão de Bem Estar Animal da OAB Alagoas. Mas iremos fazer BO desses casos na delegacia de Crimes Ambientais. São diversos tipos de morte. No Pinheiro tem sido pauladas e envenenamento. Numa única rua, ano passado foi identificado 17 gatos mortos por envenenamento. Fora que, muitos animais estão sumindo e sendo encontrados mortos”, detalha.
Protetoras requerem solução definitiva ao problema

Para as protetoras de animais é preciso uma solução definitiva para o problema. Elas afirma que a situação vem se agravando cada vez mais.

“Já foi feito denúncia, foi aberto um inquérito onde a Braskem está prestando esclarecimentos, mas eles não demonstram interesse em construir um abrigo, estamos brigando por isso, vai ocorrer a sétima audiência. O problema é que os moradores estão indo embora, os animais vão ficando, tem chovido e porque as casas estão sem telhados os animais não tem onde se abrigar. É muito difícil a situação, eles adoecem”, afirma Sandra.

Sandra acrescenta que as ações que vem sendo realizadas pela Braskem como a castração e identificação dos animais ajudam, porém não são suficientes para mitigar os impactos do descontrole da população de gatos e cães nos bairros.

“Existe um convênio que a Braskem fez para vacinar e castrar, sabemos que é importante, mas não é suficiente. Nós pensamos na construção de um abrigo não para virar um depósito de animais, mas para que eles sejam cuidados e precisam ser adotados. Na minha casa, não tenho estrutura, mas já estou abrigando 22 gatos. Eu fazia parte da Comissão de Bem Estar Animal da OAB, saí no ano passado, sempre gostei muito de animais. Aí surgiu a necessidade de alimentar animais em Bebedouro, os moradores no Bebedouro não são unidos e acabam não dando importância para essa questão. É uma luta diária, o SOS Pet Bebedouro sou eu e meu marido, é só nossa boa vontade. Temos colocado do próprio bolso, recebido doações e graças a Deus temos conseguido alimentar”, pontua Sandra.

Em nota, a Braskem negou que as iscas de dedetização instaladas sejam a causa da morte dos animais.

“A Braskem faz um trabalho permanente de zeladoria nos bairros desocupados e o controle de pragas é feito para evitar a proliferação de roedores, insetos e mosquitos transmissores de doenças. O método escolhido para o controle de roedores é adequado e amplamente utilizado, pois é projetado para garantir a segurança de outros animais. O modelo de porta isca possui uma trava de segurança em sua tampa e seu fechamento ainda é reforçado com um lacre que não pode ser rompido por animais. Além do travamento duplo, ele é fixado no solo. O produto para controle de ratos fica fechado em seu interior em uma haste de ferro. Mesmo que um gato conseguisse acessá-lo, seria necessário que ele consumisse a quantidade presente em 100 porta iscas para que atingisse a dose letal”, afirma a petroquímica.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Edilson Omena)