Assistir a La Casa de Papel é, ainda que demore, torcer para os ladrões. E foi assim que o croata Luks Peros, que vive Marselha na série, conquistou o público após entrar na terceira temporada, arquitetando de fora com o Professor o assalto ao Banco da Espanha. Casado com a brasileira Paula Feferbaum há dez anos, o ator contou com exclusividade à Quem sobre sua paixão pelo país da mulher mesmo sem nunca tê-lo visitado, a vontade de trabalhar por aqui e a possibilidade de se mudar.

A relação com o Brasil começou a ser construída antes do casamento, quando sua avó, na Croácia, o apresentou a grandes títulos nacionais: A Escrava Isaura, Tropa de Elite e Cidade de Deus estão na lista de favoritos brasileiros de Luka.

“Acho que isso me fez criar uma curiosidade por essas produções audiovisuais e eventualmente teve uma hora que simplesmente acabei amando! Os filmes Tropa de Elite e Cidade de Deus são quase uma produção/documentário sobre uma realidade social que é muito brasileira. Aprendi muito sobre as diferenças sociais e de classes econômicas no Brasil, a corrupção e as favelas. É tão bem feita que é fascinante. Além de que a atuação do Wagner Moura é impressionante, excelente ator”, elogia ele. “Outra paixão que sempre me fascinou no Brasil é o esporte. Ayrton Senna na Fórmula 1 e Pelé no futebol! Tenho uma lista extensa de jogadores de futebol de quem sou grande admirador!”, complementa.

Conhecedor da cultura brasileira, Luka está disposto a avaliar propostas de trabalho enquanto planeja sua vinda. “Seria super interessante trabalhar em alguma produção brasileira, então estou aberto a sugestões. Só me chamarem para algum trabalho interessante, filme, série, novela, publicidade, que eu vou na hora!”, afirma.

Em La Casa de Papel, o artista dublou a si mesmo em cinco línguas. Além do espanhol, que é o idioma original da série, Luka deu a voz a Marselha em inglês, português, alemão, italiano e francês. Apesar da proximidade com a língua portuguesa, ele não esconde a dificuldade do domínio do idioma.

“Foi bem desafiador, mas com certeza foi muito legal e gratificante. Português é um grande desafio, apesar de escutar em casa todos os dias. Espero conseguir dominar a língua para futuramente poder fazer um trabalho legal em TV ou cinema no Brasil! Por ter morado em vários países, desde pequeno tenho facilidade para aprender idiomas e é algo que realmente chama muito a minha atenção. Eu tenho paixão por dublagem e trabalhei muitos anos como a voz do Patrick em SpongeBob [Bob Esponja] e em vários filmes de desenhos animados, inclusive a voz de Nigel de Rio”, conta.

Mesmo sabendo o que faz sucesso no Brasil, Luka não esperava que a série da Netflix tivesse tamanha recepção desse público, que é maioria em sua rede social.

“Eu definitivamente não esperava que a série fosse um sucesso tão grande, a nível mundial. Tenho muitos fãs brasileiros, na verdade a maioria dos meus seguidores no Instagram são do Brasil! Eles sempre me mandam mensagem e cartas. É muito engraçado, porque muitas vezes falam coisas como ‘te amo’, ‘fofinho’ ou até me pedem em casamento! Os brasileiros têm esse jeito bem específico de mostrar carinho, sempre muito receptivos… eles têm um estilo de vida bem legal, uma felicidade interior eterna e um bom humor em geral, juntando com essa simpatia se tornam pessoas fantásticas! Minha esposa e suas amigas brasileiras são todas mulheres de caráter e têm muita personalidade”, diz.

Para Luka, conquistar os fãs da série foi consequência de um trabalho intenso e com desdobramentos imprevisíveis. “Preparar o Marselha foi um dos trabalhos mais difíceis que já fiz, pois o personagem é muito misterioso e calado, e ao mesmo tempo tem uma participação fundamental em toda a trama da série, principalmente nas duas últimas temporadas. Então tive que dar muito de mim para conseguir uma boa performance! Também estudei bastante espanhol para gravar nesse idioma sem grandes dificuldades”, conta.

“A preparação era complicada devido à falta de informação do personagem e à dinâmica de improvisação dos diretores e escritores da série. Era tudo escrito bem em cima da hora e muitas versões diferentes dos capítulos e mudanças de última hora. Mas acho que consegui marcar um estilo próprio para caracterizar Marselha, com muita presença, expressão e poucas palavras. Um cara duro mas com coração de manteiga! Ao ter um vestuário bem diferente e elegante, acho que o diretor de figurino fez um fantástico trabalho pro meu personagem dando a impressão de que ele era excêntrico”, avalia.

Mesmo com os desafios de criação do personagem, gravações e dublagens, Luka se orgulha do resultado e de fechar a trama com um final grandioso.

“La Casa de Papel é um marco na minha carreira, tanto pelo sucesso mundial quanto por todo o trabalho e a dedicação envolvidos no processo. É um projeto do qual tenho muito orgulho por todo o trabalho que foi feito, do personagem, da equipe técnica e criativa… tudo foi feito com muito carinho, então estou muito feliz com o fim que tivemos! Além disso, saio com uma sensação de gratidão muito marcante, porque além de tudo ganhei uma família, o elenco e todos os responsáveis por esse trabalho maravilhoso vão sempre ter um lugar no meu coração”, diz.

Planejando vir ao Brasil pela primeira vez após a conclusão desse projeto, o croata está animado para ir a grandes e pequenas regiões e mostra que está inteirado dos problemas locais.

“Quero muito conhecer alguns lugares diferentes, como a Amazônia. Adoraria ir a Fernando de Noronha, pequenas cidades na Bahia, mas também gostaria de poder visitar São Paulo, Teresópolis e Búzios, no Rio de Janeiro, onde a minha esposa ia na infância e a família dela tem uma casa. As fotos que vi são muito convidativas. Não vejo a hora de poder ver tudo pessoalmente! Inclusive, meu coração está com as vítimas de Petrópolis”, declara ele, sobre as chuvas na região.

Já encantado com as paisagens, o audiovisual e a cultura brasileira antes mesmo de conhecer pessoalmente, Luka não descarta a possibilidade de morar de vez no Brasil, mas sem abrir mão da vida na Europa.

“É algo que sempre me perguntam, mas não tenho ainda uma resposta definida. Por enquanto estou morando na Espanha e está sendo muito bom. Estou fixo aqui por trabalho, amigos e família, mas nunca se sabe. Um dia posso morar no Brasil, sim! Seria maravilhoso passar seis meses aqui e outros seis no Brasil, assim passamos o verão aqui e aí evitamos o inverno”, planeja.

GAZETAWEB.COM \ Redação com Quem Acontece

FOTO: Reprodução