Na bolsa de aposta dos bastidores da Assembleia Legislativa de Alagoas é cada vez mais forte a opção que aponta o afastamento do governador Renan Filho para disputar o mandato de senador. E, ato contínuo, a eleição do deputado Paulo Dantas (MDB) por seus pares como governador “tampão”.

É que em caso de vacância no governo, passado mais da metade do mandato, a legislação prevê que a Assembleia Legislativa indique, por cotação em plenário, um sucessor para concluir o governo.

Ao menos dois fortes indicativos reforçam as apostas: Renan Filho tem levado Dantas a tiracolo a todas solenidades de inauguração de obras do seu governo. A última, foi no palácio de governo na entrega de projeto de planos de cargos e carreiras do funcionalismo público. Seria uma preparação, e uma apresentação não formal, do seu substituto.

Numa delas, Renan Filho até deixou escapar que está com o “coração partido” diante da possibilidade de se desincompatibilizar do governo e não poder inaugurar o Hospital do Coração, uma de suas grandes obras. Falou como se a decisão já estivesse tomada.

Por essas e outras, poucos acreditam que Renan Filho decida concluir o mandato. E por trás disso estariam acordos e projetos articulado por mais de um segmento político.

Um que já é conhecido é a eleição indireta de Dantas para comandar o governo até 31 de dezembro. E dentro disso se desdobra outro projeto: disputar a reeleição, com apoio da maioria da Assembleia Legislativa e do próprio Renan Filho e o senador Renan Calheiros. Vai disputar com o ex-prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSD), e o senador Rodrigo Cunha (PSDB). E talvez o senador Fernando Collor.

Paulo Dantas pretende construir uma candidatura que unifique os principais líderes políticos, e nesse quesito articula com uma aliança que envolva o ex-presidente Lula (PT), o neófito União Brasil e até o PP de Arthur Lira.

“Tenho convicção de que Lula é o melhor para o Brasil”, disse Dantas em recente reportagem da Folha de S. Paulo, ressaltando que seu apoio ao ex-presidente não deve ser obstáculo a uma composição de Lira, ainda apoiador do presidente Bolsonaro.

FILIAÇÃO AO UB

Para não criar embaraços, Dantas não descarta se filiar ao União Brasil, onde teria mais desenvoltura para transitar entre os Renans e o grupo liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.

No governo de seis meses, Paulo Dantas se determina a missão de aglutinar e unir forças políticas, muitas delas antagônicas a ponto de que ninguém jamais acreditaria numa convivência sequer pacífica.

Cada uma delas tenta desde já influir na indicação de nomes para compor o secretariado do futuro governo.

Nada está ainda decidido, a não ser que o ex-secretário de Comunicação, jornalista Joaldo Cavalcante, reassumirá o comando da pasta, e que Paulo Dantas adotará uma inédita administração paritária entre homens e mulheres no seu secretariado. Se forem 20 secretarias, metade delas será dirigida por mulheres.

Afora isso, o resto são propostas e articulações, algumas com chances efetivas de confirmação. Seria o caso da manutenção do secretário George Santoro, da Fazenda, que tem feito excelente trabalho e contribuído para que o governo Renan Filho tenha alcançado excelentes indicadores econômicos nacionais, feito inúmeros investimentos e pago em dia aos servidores.

Nome cogitado para ser o vice de Dantas também não falta. O mais citado é o do desembargador Tutmés Airan. Também há especulações em torno do nome do secretário Alfredo Gaspar, na Segurança Pública. Há até indicações para cargos da administração indireta, como do ambientalista Alder Flores para o IMA, que já dirigiu com sucesso o órgão no passado. Na Saúde e educação haveria indicações de Lira & Cia.

Para que tudo possa ter sequência, no entanto, precisa que a desincompatibilização de Renan Filho se concretize. O prazo limite é 2 de abril. Ele já disse que qualquer que seja a decisão, seja anunciada nessa data. Será quando a bolsa de apostas enfim poderá fechar para balanço.

Por: Tribuna Independente
Foto: Assessoria