Todos os anos é a mesma coisa. Com a proximidade do final do ano, os pais de alunos de escolas particulares já começam a se preocupar com o reajuste nas mensalidades. Em 2022, essa preocupação deve mesmo existir, tendo em vista que os novos valores vão pesar ainda mais no bolso dos alagoanos com o início do próximo ano letivo. Com aumentos que superam – e muito – a inflação, pais e mães de alunos terão que desembolsar, em Maceió, entre 10% e 20% a mais para honrar com o compromisso mensal junto às instituições de ensino.
A reportagem entrou em contato com três colégios particulares da capital, situados nos bairros do Farol, Gruta e Serraria. Neles, os aumentos foram de 12%, 10% e 20%, respectivamente. Enquanto isso, a inflação do ano deve ficar abaixo de 7%.
De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares de Alagoas, os reajustes nas mensalidades são definidos individualmente por cada unidade de ensino. O aumento leva em conta os custos para manutenção e cumprimento da proposta pedagógica dos colégios.
Segundo a presidente do Sindicato, Bárbara Heliodora, entre os pontos considerados para o reajuste, estão os investimentos em infraestrutura e manutenção da mesma, reajuste salarial dos professores e demais funcionários, impostos, tributos e até mesmo pagamento de aluguel, para as unidades que não possuem prédio próprio. Tudo isso influencia diretamente no preço final do serviço ofertado.
“Cada escola de Alagoas vai definir o percentual do seu reajuste, que deve ficar em torno de 10% e 15%. Como toda empresa, as unidades de ensino têm seus custos, têm suas planilhas. Só lembrando que o preço da mensalidade fica congelado por doze meses, então, isso também tem que ser levado em conta”, pontuou Bárbara.
INADIMPLÊNCIA
Outro fator bastante relevante que impacta diretamente no preço das mensalidades é a inadimplência, cujo índice chega a até 25% em Alagoas, conforme o sindicato. Com isso, quem acaba pagando a conta são as mães e pais adimplentes, que honram com seus compromissos.
“A falta de pagamento das mensalidades escolares é uma realidade em Alagoas. Hoje, estamos com um índice de 20% a 25% de inadimplência nas escolas e isso impacta diretamente no preço a ser pago, porque o aluno passa o ano inteiro estudando sem pagar, mas ele está representando um custo para a escola. No final, alguém quita essa conta dele e são os pais adimplentes, infelizmente”, pontua a presidente do sindicato.
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Em grande parte das unidades de ensino, as matrículas 2023 já começaram e, para atrair os pais a garantirem a vaga dos seus filhos, alguns descontos e até brindes são ofertados. Mesmo assim, os pais e mães não estão muito satisfeitos com os novos preços, que ficaram bem acima do esperado.
É o caso de Thayane Sales, mãe da pequena Maria Beatriz, de 3 anos e 11 meses, aluna da Educação Infantil de uma escola particular. Ela conta que se viu sem opção ao receber o comunicado de reajuste de 20% e teve que matricular a filha de todo jeito, afinal, está satisfeita com o ensino ofertado e o aprendizado da filha, não tendo para onde “fugir”.
“Foi péssimo! Se somarmos esse aumento da escola com os aumentos acumulados de todos os demais custos, acaba pesando bastante. A gente se vê obrigado a buscar maneiras de aumentar a renda, para tentar manter o mesmo padrão de vida, pois aos poucos, esses aumentos vão diminuindo o nosso poder de compra, visto que nossa receita não vem aumentando na mesma proporção”, afirma Thayane.
Em outras unidades de ensino, o reajuste ainda não foi comunicado aos pais, mas as matrículas já começaram com o preço antigo. É o caso de uma escola situada no bairro da Mangabeiras. Lá, os pais que fizerem as matrículas, garantem o preço “desatualizado”. Somente posteriormente é que os novos valores das mensalidades será divulgado, quando o estudante já estiver matriculado.
GAZETAWEB.COM \ Jamylle Bezerra
FOTO: Studio Formatura/Galois