Alagoas é o segundo estado do Nordeste com maior número de denúncias de assédio eleitoral. De acordo com a assessoria do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Alagoas, o órgão recebeu 38 denúncias até a última segunda-feira (24), ficando atrás apenas da Paraíba, que já registra 40 denúncias do crime.

Um dos casos que tem chamado a atenção do MPT é o da Casa Vieira, que, além das palestras coagindo os funcionários a votar no presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição no segundo turno, também passou a distribuir panfletos favoráveis a Bolsonaro e desfavoráveis, com informações falsas, ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O procurador do MPT em Alagoas, Matheus Gama instaurou, na segunda-feira, inquérito civil para apuração dos fatos relacionados à assédio eleitoral no ambiente de trabalho em duas unidades da Casa Vieira.

“Isso significa que ele [Matheus Gama, procurador do MPT/AL] entendeu a pertinência da denúncia e que vai dar continuidade à investigação do conteúdo denunciado”, disse o texto enviado pela assessoria do órgão.

Por conta da distribuição de panfletos, a Federação Brasil da Esperança, composta pelos partidos PT, PCdoB e PV, fez representação no Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL) em desfavor da direção da Casa Vieira e do candidato a deputado federal Josan Leite por coação eleitoral aos trabalhadores da empresa.

Na representação, processo nº 0601985-23.2022.6.02.0000, a Federação noticia que na quarta-feira (19), a direção da Empresa convocou os seus empregados para uma reunião que, aparentemente, seria de para tratar de assuntos laborais, mas que serviu para distribuição panfletos favoráveis ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro e desfavoráveis ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

“Os referidos panfletos continham tanto informações de elogio ao candidato Jair Bolsonaro, quanto ofensas ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva”, informa o documento.
Diz ainda que nesses panfletos se vê acusações mentirosas ao candidato Lula, associando-o ao aborto, à uma suposta ideologia de gênero, à censura, a obras em Cuba, entre outros ataques. “Ao passo que o candidato Bolsonaro é associado à vida, a valores cristãos e a menos impostos”.

A Federação destaca que a distribuição dos panfletos seria uma irregularidade, visto que traz mentiras com o claro intuito de assacar ofensas ao candidato do PT. Informa também que membros da direção da empresa, durante a reunião, fizeram discursos ofensivos ao candidato Lula, coagindo os empregados a votarem no candidato Bolsonaro.

Também estava presente à reunião, Josan Leite, conhecido apoiador bolsonarista e que foi candidato a deputado federal na eleição deste ano, que usou da palavra para fazer discurso de coação aos empregados para votar no candidato Jair Bolsonaro.

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente

Foto: Sandro Lima