As eleições deste ano em Alagoas foram marcadas pela disputa acirrada entre o senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Ambos foram os cabeças políticos por trás das principais candidaturas ao Governo do Estado e das campanhas presidenciais por aqui. A tendência é que os dois continuem sendo os protagonistas da política alagoana nos próximos anos, mas o acirramento entre eles pode diminuir durante o governo Lula (PT), que se inicia em 1º de janeiro, segundo avaliação da cientista política Luciana Santana.

Ela destaca que a aproximação entre Lula e Arthur Lira, já no período de transição, pode resultar na menor intensidade dos embates entre Renan Calheiros e o presidente da Câmara dos Deputados. Isso vai depender dos espaços que cada um terá no governo Lula.

“Mesmo com aproximação do Arthur Lira de Lula, essa disputa continua. Isso está muito claro. O que ainda não está é qual espaço que Renan Calheiros terá no governo Lula. Isso ainda não foi definido e talvez isso amenize o acirramento entre os dois. É preciso também entender melhor o papel que o Arthur Lira terá ao longo do governo Lula. Isso também não está claro. Hoje tem a tentativa de apoio à reeleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara dos Deputados, mas tem algumas coisas que ainda precisa ficar claro, como a questão do orçamento secreto e como isso será utilizado como moeda de barganha para colocar o Executivo como refém”, analisa Luciana Santana.

Após as eleições, Lula procurou os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado para aprovar uma PEC que garante o pagamento do Bolsa Família em R$ 600, mais um adicional por filho de R$ 150. Mas Arthur Lira busca a reeleição à presidência da Câmara e por conta da PEC, já conseguiu o apoio da Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/ PV).

Já Renan Calheiros deve indicar ao menos um ministério no governo Lula. Fala-se que o ex-governador Renan Filho (MDB), recém-eleito senador, assumirá esse espaço. O nome do deputado Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara, também aparece em algumas especulações.

ORÇAMENTO SECRETO

O orçamento secreto é um entrave na relação entre Lula e Arthur Lira, que não abre mão do instrumento. Lula já defendeu que estas emendas não podem continuar como estão.
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou julgamento sobre o caso para a próxima quarta-feira (7) e caso a Corte o derrube, melhor para Lula, que passa a negociar em outras bases. Além disso, outro fator favoreceu o petista nas últimas semanas. O ainda presidente Jair Bolsonaro (PL) suspendeu o pagamento de metade das emendas do relator nas últimas semanas, ao contrário do que repetiu por toda a campanha: “eu não posso fazer nada”.

Daí, Arthur Lira tentar convencer Lula – ou criar instrumento que obrigue – a pagar as emendas em 2023.

POR: Por Carlos Amaral com Tribuna Independente
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