Começou ontem (25), no Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento de mais 200 pessoas envolvidas nos atos golpistas de janeiro deste ano em Brasília. O alagoano Ademir Almeida da Silva está na lista, e é o primeiro dos 11 alagoanos presos que pode se tornar réu.

À reportagem da Tribuna Independente, o advogado Vinicius Almeida, diz estar confiante no resultado, pois o seu cliente não estava presente nos ataques do dia 8 de janeiro.

“Ele [Ademir Almeida da Silva] nem chegou a estar em Brasília no momento. Ele estava em trânsito indo para lá. Porque até então o que se tinha de notícia é que essa situação seria no outro dia. E aí o que é que aconteceu? Ele foi preso porque estava no lugar errado na hora errada, porque quando ele chegou já tinha tido tudo. E aí, como ele não tinha para onde ir foi dormir no quartel general em frente ao exército”, justifica o advogado.

Ainda segundo relato do jurista, no dia posterior a polícia cercou todo mundo e pediu para entrar nos ônibus que seriam levados para uma triagem. “Na verdade, eles já estavam presos, mas não houve a manifestação de prisão naquele momento, só quando eles já estavam lá na sede da polícia”.

Ademir foi citado em uma reportagem do portal O Povo onde teria informado que recebia uma ‘mesada’ de R$ 400 de Adiel Brandão de Almeida, supostamente pastor de uma igreja batista aqui de Maceió. Vinicius diz não ter conhecimento sobre isso.

“Na verdade, eu acredito mais que tenha sido uma questão de naquele momento uma tentativa de se livrar ali de alguma coisa, entendeu? Um arroubo do momento. Mas a gente não tem essa informação”.

Solto em março, depois de ter ficado preso por cerca de dois meses, Ademir teria dito ao advogado que não foi mobilizado através da igreja. Frequentador do acampamento instalado em frente ao Quartel do Exército, em Maceió, ele teria sido convidado e decidiu ir por conta própria, de carro.

“Especificamente para esse cliente, a gente tem sim uma tese de defesa muito ampla, até porque tem demonstração de que realmente ele estava em trânsito. Tem comprovante de posto de gasolina etc., de que ele não estava lá”, finaliza o advogado.

Na semana passada o STF decidiu tornar réus os 100 primeiros denunciados pela PGR pela participação nos atos golpistas. Com o acolhimento das denúncias por parte do Supremo, o processo segue para a fase de coleta de provas, depoimentos das testemunhas de defesa e acusação, e interrogatórios dos acusados. Não há previsão sobre a sentença final que condena ou absolve os investigados.

CONTINUIDADE DO JULGAMENTO

O relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, votou para tornar réus os investigados. O julgamento no plenário virtual termina em 2 de maio. Na segunda-feira (24), o STF concluiu o julgamento que transformou em réus outros 100 investigados por participarem dos atos golpistas. A denúncia também foi apresentada pela PGR.

Caso os ministros também acolham as denúncias do julgamento atual, os investigados viram réus, e o processo terá seguimento com a fase de coleta de provas, com depoimentos das testemunhas de defesa e acusação, além de interrogatórios dos réus. Não há prazo para o STF julgar se eles serão condenados ou absolvidos.

Tribuna Independente \ Por Emanuelle Vanderlei

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil