Esta me parece ser a posição mais lúcida e contundente de um prefeito cuja cidade tem sido fortemente atingida pela – e todos os anos. A ajuda humanitária é bem vida, mas é preciso e possível fazer muito mais para evitar novas sejam perdidas e para que a vida de milhares de alagoanos não sejam arrastadas pelas águas, como propõe o prefeito Renato Filho.

Até por isso, publico abaixo o release que me chegou ontem à noite da Ascom da prefeitura do Pilar:

“Diante das enchentes que já desalojaram mais de 22 mil pessoas e mataram um homem em Alagoas desde a sexta-feira (7), o prefeito de Pilar, Renato Filho, solicitou ao Governo do Estado a criação de um comitê intersetorial para o estudo e implantação de soluções definitivas ao problema histórico, que se repete a cada ano com novas tragédias. Feito nesse sábado (8) ao governador Paulo Dantas, durante reunião com os prefeitos dos municípios afetados pelas chuvas, o pedido foi acatado pelo governador, que determinou a criação de um comitê permanente de prevenção às enchentes.

A proposta do prefeito de Pilar é envolver o governo federal, os governos estaduais de Alagoas e Pernambuco – que dividem as bacias hidrográficas do Mundaú e Paraíba, entre outros rios – e instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a elaboração de estudos que apontem as melhores estratégias para evitar o transbordamento dos rios e lagoas no período chuvoso. Neste fim de semana, 29 munícipios alagoanos decretaram situação de emergência por conta das chuvas.

Os alagamentos e enchentes já tiraram a vida de milhares de alagoanos nas últimas décadas. As soluções passam por projetos como barragens, desassoreamento do fundo de lagoas e rios, e saneamento básico – obras que os Municípios, sozinhos, não têm condições de arcar.

“Nós não queremos só ajuda humanitária e emergencial. É claro que neste momento crítico essa ajuda é fundamental, mas queremos auxílio para resolver o problema definitivamente. Essa é a terceira enchente que enfrento como prefeito de Pilar e não podemos continuar, ano a ano, apenas remediando os danos. As pessoas perdem tudo o que suaram para conseguir, quando não perdem a própria vida. É uma tragédia sem tamanho para a população e as cidades”, afirma Renato Filho.

Já há projetos para a construção de barragens nos rios Paraíba, Mundaú e outros, mas que ainda precisam passar por estudos orçamentários, de acordo com Renato. “Precisamos discutir esses projetos e angariar recursos para executá-los. O que não podemos é continuar, ano a ano, discutindo as mesmas coisas e sofrendo as mesmas tragédias. Assim como foi feito um estudo para a concessão de água e esgoto em Alagoas, é preciso que se faça um estudo maior sobre as bacias dos rios nos municípios atingidos pelas chuvas”, reforçou o prefeito.

A execução de um dos projetos foi cobrada por Renato Filho, há cerca de um ano, junto à Assembleia da Região Metropolitana de Maceió. Em ofício pedindo a inclusão do tema na pauta da Assembleia, o prefeito destacou as cheias históricas e solicitou que o Estado executasse, imediatamente, as obras do Projeto de Mitigação de Cheias e Regularização de Vazões para as bacias do Paraíba e Mundaú, executado entre 2011 e 2013 pelo Estado de Alagoas e financiado por convênio com o Ministério da Integração, num total de R$ 9,4 milhões. No entanto, a Assembleia Metropolitana está proibida de se reunir devido à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em ação impetrada pelo Município de Maceió.

“Passados alguns dias, o assunto cai no esquecimento e ficamos à espera do próximo desastre, com novas tragédias. É urgente que os governos estadual e federal se empenhem, para reunirmos os recursos necessários e colocarmos em prática as soluções”, reforça o prefeito.

CADA MINUTO \ Ricardo Mota

Foto: Reprodução