Estudantes de escolas da rede municipal de Maceió estão sem aula devido à falta de professores. A situação lamentável acontece um ano após a greve dos professores, que atrasou o ano letivo das crianças do Ensino Fundamental.
Uma das unidades visitadas pelo portal Tribuna Hoje, a Escola Municipal Monsenhor Antônio Assunção Araújo, localizada no Conjunto José Tenório, no bairro da Serraria, está há mais de dois meses sem professor em uma turma de segundo ano e há pelo menos duas semanas sem professor em outra turma do primeiro ano.
“Infelizmente não há professores o suficiente para as demandas e os horistas que são contratados para dar aulas nas turmas com essa carência, estão com salários atrasados, e por isso decidiram abandonar as salas de aula”, informou uma fonte.
As mães que dependem do horário de aula para deixar as crianças e resolver as demandas de trabalho, estão impossibilitadas de cumprir seus trabalhos externos. “Infelizmente a educação de Maceió está deixando muito a desejar. Desde o ano passado que convivemos com essa incerteza e ficamos preocupados com a evolução dos nossos filhos. Imagina estar no primeiro ano, antiga alfabetização, e não poder aprender a ler e a escrever por falta de professor? Estou triste e revoltada”, desabafou uma mãe.
Outra mãe de um aluno do segundo ano, disse que não sabe mais o que fazer para que o filho não seja prejudicado e perca o ano letivo. “É muito triste não ter condições de pagar uma escola particular e ficar vendo o filho em casa, sem aprender. Ainda temos que ouvir falar nessa tal meritocracia. Onde que meu filho, com esse atraso, terá as mesmas oportunidades que outras crianças que estão na sala de aula?”, questionou.
“O que estamos vendo é uma prefeitura que prioriza festas, investe milhões para pagar cachês de bandas nacionais, e a educação das nossas crianças é negligenciada”, continuou.
Conquista Maceió
O projeto Conquista Maceió foi implantado em 91 unidades escolares de Maceió e “teria” o objetivo de reforçar os estudos nos contraturnos das escolas municipais, a fim de promover o avanço do desempenho escolar dos alunos no ensino regular, especialmente em Língua Portuguesa e Matemática. Porém, poucos dias depois de ser implantado, houve a falta de recursos para o almoço das crianças que permaneceriam em horário integral nas escolas.
“Não faz sentido para mim, que moro longe da escola, buscar meu filho na hora do almoço e depois levar de volta, para novamente, no final da tarde, fazer o mesmo trajeto. Prometeram esse reforço, mas não cumpriram”, reclama uma mãe.
Mesmo aqueles que poderiam enviar almoço para os filhos ficarem no intervalo do integral, não é possível a permanência das crianças nas escolas, porque também não foram contratados monitores para a demanda.
O portal entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) para saber se existe uma previsão de normalização das aulas nas escolas municipais, mas não houve uma resposta concreta, informando prazo.
Leia a nota na íntrega:
A Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed) informa que está em tramitação um novo Processo Seletivo Simplificado (PSS), junto à empresa contratada após licitação, para suprir emergencialmente algumas carências de profissionais, entre eles professores.
A Semed também iniciou as tratativas para realização de um novo concurso público, uma vez que toda a reserva técnica do último concurso já foi convocada.
Paralelamente, a Secretaria trabalha para oferecer aos professores da rede a expansão da carga horária, como forma de estímulo à permanência desses profissionais na rede de ensino.
Em relação ao Conquista Maceió, o programa está sendo reorganizado e a situação solucionada junto à empresa responsável pelo gerenciamento do projeto.
Sobre os professores horistas, o atraso ocorreu devido aos trâmites burocráticos durante a renovação dos quase dois mil contratos. Para evitar prejuízos aos profissionais, está sendo gerada uma folha suplementar para pagamento na primeira quinzena deste mês de agosto.
TRIBUNA HOJE \ Por Thayanne Magalhães
Foto: Assessoria
