A Prefeitura de Maceió pretende aumentar os atuais 65 quilômetros de ciclovia para 100 quilômetros até o final deste ano. A expectativa dos ciclistas para que isso aconteça é enorme. Nas ciclovias e ciclofaixas da capital, passam aproximadamente 113 ciclistas por hora ou 1,9 ciclistas por minuto ou um ciclista a cada 31,5 segundos, conforme informações extraídas do levantamento “Um panorama sobre a bicicleta como meio de transporte em Maceió”, elaborado pelo Transporte Ativo.

Construir mais espaços apropriados para quem pedala pode ser uma das medidas na tentativa de diminuir a quantidade de ciclistas que dão entrada no Hospital Geral do Estado (HGE), vítimas de sinistros. Somente este ano (de janeiro a julho), 171 ciclistas procuraram atendimento no maior pronto socorro do Estado vítimas de algum tipo de trauma enquanto pedalavam. Em todo o ano passado, foram 267 casos.

Um dos ciclistas que recém-retornou às ciclovias da capital foi o servidor público Herbert Sarmento, de 40 anos, dos quais cinco pedalando. Em sua rotina diárias, ele costuma pedalar pelo Farol. Semana passada, voltou a ter a companhia diária da “magrela” depois de se afastar da prática do pedal por cerca de oito meses para o tratamento de um câncer.

“Pedalar é, mais do que nunca, agora, minha vida. Estar em uma bicicleta é uma vitória. Foram longos meses de tratamento, período em que deixei de pedalar. Para voltar agora com ânimo redobrado e saúde em dia”, afirmou, prometendo em breve voltar ao antigo ritmo, quando passava sete horas pedalando para percorrer cerca de 110 quilômetros, quando partia de Maceió para cidades do interior alagoano.

O retorno vitorioso às ciclovias foi testemunhado pelo amigo de vida e pedal, Cristofanes Cabral Caxias, 42 anos, que, coincidentemente voltou a pedalar no mesmo dia que Herbert, depois de receber alta médica e hospitalar de uma cirurgia de apêndice. Escolheu a ciclovia da Praça Centenário para voltar a uma rotina que pratica há quase 20 anos.

Cristofanes Cabral tem um recorde um pouco menor em distâncias percorridas, cerca de 96 quilômetros na bicicleta, mas o mesmo entusiasmo que o amigo Herbert. Juntos, os dois seguem pedalando, colecionando histórias e fazendo familiares e amigos serem adeptos das pedaladas.

Conforme levantamento do Transporte Ativo, 96,5% dos ciclistas entrevistados são homens e 3,5% são mulheres. Do total de bicicletas, 92,7% são bicicletas comuns e 7,3% bicicletas serviço. Estavam de carona, 3,5% das pessoas ouvidas. A faixa etária mais predominante entre os entrevistados é entre 25 e 34 anos.

A mais recente ciclovia de Maceió foi inaugurada na Avenida Fernandes Lima, no Farol. O espaço destinado às bicicletas foi construído no meio do canteiro. Agora, com as obras de mobilidade financiadas pela Braskem, a Prefeitura está ampliando a ciclovia até o trecho do Atacadão Petrópolis, na Avenida Durval de Góes Monteiro.

Pessoas escolhem a bicicleta por ser sustentável, saudável e econômica

O Dia Nacional do Ciclista é celebrado neste sábado, dia 19 de agosto, em homenagem ao ciclista brasiliense Pedro Davidson, que morreu atropelado nesta data no ano de 2006. O caso teve bastante repercussão e o autor do atropelamento foi condenado em júri popular. A data comemorativa foi proposta pela família de Pedro e pela organização Rodas da Paz e foi instituída pela Lei 13.508/2017, sancionada em 22 de novembro de 2017.

A data passou a fazer parte do calendário oficial brasileiro desde 2018, após aprovação de projeto no Congresso Nacional.

Cada vez mais a bicicleta é o meio de transporte escolhido por muitas pessoas por ser sustentável, saudável e econômico.

O bancário Charles Henrique é um dos condutores de veículos que viraram ciclistas. Ele começou a pedalar por esporte, apenas aos finais de semana.

No entanto, desde a construção da ciclovia na Fernandes Lima percebeu que poderia transformar o que era “apenas” um esporte na rotina para ir ao trabalho. E ainda ganhou mais qualidade de vida ao evitar o estresse do trânsito.

“Normalmente faço o trajeto do Tabuleiro do Martins até o Centro. Uma pena o fato de a ciclovia só existir até a Praça Centenário. Até chegar ao meu destino final, vou driblando como posso”.

Ao trocar o carro pela bicicleta, Charles ganhou pelo menos uma hora a cada dia como tempo livre. Meia hora de ida e meia hora de volta. No caminho do bancário, uma preocupação; “a falta de interligação das ciclovias/ciclofaixas ainda torna perigoso fazer todo o trajeto de bike”, frisou.

Entre as inúmeras vantagens, ele destaca pelo menos duas: saúde e economia de combustível. Aos finais de semana, lá está novamente o bancário na sua bicicleta. Desde vez, unicamente por lazer. Saindo do bairro de Ponta Verde até a Barra de São Miguel, no litoral sul do Estado.

Julina Agra, do Ciclomobilidade, um coletivo de ciclistas urbanos de Maceió, avalia que andar de bicicleta por Maceió é mais seguro do que muita gente imagina e muito mais rápido também.

O Ciclomobilidade acredita tanto nessa máxima que ensina gratuitamente as pessoas de qualquer idade que querem pedalar, mas ainda não sabem. As aulas acontecem todo primeiro domingo do mês na Praça Centenário por meio do Projeto Bike Anjo.

“Não estamos sujeitos a engarrafamentos e nem a problemas de estacionamento. Quanto à segurança, o maior alvo de reclamações é a falta de respeito dos motoristas”, afirmou a ciclista que fez questão de dizer que em mais de 10 anos pedalando no trânsito nunca sofreu nenhuma lesão.

Juliana Agra acredita que o mais importante para melhorar a segurança de todos no trânsito é a redução das velocidades visto que acima de 50 km/h a chances de morte são de mais de 80%.

“Além disso, a expansão da malha cicloviária principalmente nas vias de alto fluxo de motorizados, justamente para proteger e segregar os modais”, finalizou.

Tribuna Independente \ Por Valdete Calheiros – colaboradora

Foto: Adailson Calheiros