Em meio ao alerta do Ministério Público Federal (MPF), que promoveu uma reunião com especialistas em saúde para alertar sobre a endemia de casos de meningite B em Alagoas, a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS) divulgou o novo processo para diagnóstico e tratamento da doença, que atinge principalmente as crianças.
A medida envolve a coleta de amostras nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), exames específicos no Hospital da Cidade, identificação da cepa no Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen) e administração de medicação e profilaxia preventiva.
Segundo a SMS, a partir do dia 1º de agosto, passará a valer um novo fluxo para a coleta de material para exames de meningite. “Ele se inicia com a coleta de amostras de pacientes que dão entrada nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) com suspeita da doença e encaminhamento do material para o laboratório do Hospital da Cidade (HC) para que seja feito um exame específico”, informa a nota.
Os casos positivos serão encaminhados para o Lacen, que é o laboratório de referência para esses casos, para que seja identificada a cepa da doença.
A pasta ainda informa que as UPAs de Maceió contam com laboratório 24 horas para a coleta dessas amostras, e o paciente suspeito de meningite, mesmo sem o exame confirmatório, já recebe a medicação indicada pelos protocolos do Ministério da Saúde. Além disso, a Vigilância Epidemiológica de da capital realiza a profilaxia dos contatos.
DADOS
Em 2024, Maceió registrou, conforme dados da SMS, um total de 19 casos de meningite. “Dentre esses casos, foram identificados 5 casos de meningite meningocócica Tipo B, 3 casos de doença meningocócica, 1 caso de doença
meningocócica com identificação do sorogrupo pendente, 4 casos de meningite bacteriana não especificada, 3 casos de meningite pneumocócica e 2 casos de meningite viral. Não foram encontrados casos de meningite por Hemófilo ou fúngica”, detalha.
No mesmo ano, ocorreram cinco óbitos relacionados a doenças meningocócicas. As vítimas incluíram um menino de 1 ano, residente no Jatiúca, que morreu devido a meningite meningocócica Tipo B; um menino de 6 meses, de Petrópolis, que também faleceu por meningite meningocócica Tipo B; um menino de 2 anos, de Benedito Bentes, que morreu em decorrência de meningococcemia; e um menino de 1 ano, de Benedito Bentes, vítima de meningite meningocócica Tipo B. Além disso, uma menina de 1 ano, residente no Trapiche da Barra, faleceu devido a meningite meningocócica, com o sorotipo ainda aguardando confirmação.
Já a Secretaria de Saúde do Estado (Sesau) informa que, em Alagoas, foram registrados 36 casos de meningite em seis meses, sendo 13 deles fatais.
REUNIÃO
O Ministério da Saúde declarou o surto de doença meningocócica no segundo semestre de 2023. Segundo os especialistas, a meningite em Alagoas tornou-se uma endemia, com casos contínuos e picos ocasionais. A reunião, que foi na última sexta-feira, no entanto, destacou essa importância da coleta de sangue nas UPAs para diagnóstico precoce, seguindo a recomendação do MS. Os especialistas também defenderam que é indispensável a inclusão da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) para menores de dois anos, a fim de possibilitar algum controle sobre a doença no estado.
GAZETAWEB \ Greyce Bernardino
FOTO: Foto: Ilustração