Perto do completar um ano que entrou em colapso, a mina 18, instalada pela Braskem na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, em Maceió, apresentou sinais de que continua ativa. A informação circulou nas redes sociais, no domingo (29/9), com base em imagens captadas por uma plataforma de observação sistemática, que teria registrado, na atualização de número 142, uma movimentação atípica das águas da Mundaú, bem como observadas manchas de óleo na área.

“Imagens feitas por Ewerton Drone MCZ, divulgadas pela bióloga Neirevane Nunes, mostram movimento na mina 18 que, segundo a Braskem, fora desativada, depois de romper, no início da tarde do dia 10 de dezembro do ano passado. Naquele dia, em 24 horas, a superfície da mina cedeu 12,5 centímetros”, informaram os sites de notícias, no último final de semana. No entanto, não contam nas informações nenhum parecer técnico que comprovem a movimentação da mina.

Em nota, sobre a suposta movimentação Lagoa Mundaú, a Defesa Civil de Maceió informou que “os equipamentos de monitoramento não registraram nenhuma movimentação anormal na região da mina 18 e por isso não há necessidade de alerta”.

Ainda segundo a nota, “a área é monitorada ininterruptamente”. Além disso, “a Marinha do Brasil fez, no domingo (29/9), uma inspeção no local e constatou que não há nenhuma solução ou corpo estranho, apesar do vídeo que circula nas redes sociais com suposta movimentação na lagoa Mundaú”.

DEFESA CIVIL

Para a bióloga Neirevane Nunes, que milita no movimento nacional de combate à mineração predatória (MAM), “a nota da Defesa Civil de Maceió é uma resposta vazia. Uma resposta como a Defesa Civil está acostumada a dar com a negação de um problema minimizando o fato e não dando uma explicação para o que está ocorrendo. Esperávamos uma resposta de que o fato seria apurado que seria feita coleta e análise da substância observada na Laguna Mundaú, é isso que preciso ser feito. E não simplesmente dizer que é algo que não representa preocupação. Diante do que passamos no final do ano passado a Defesa Civil perdeu sua credibilidade”.

“Quando os moradores do Condomínio Morada das Árvores sentiram os sismos, a Defesa Civil Municipal disse a princípio que não teve registro de tremores e que estava tudo sendo monitorado, quando o síndico informou publicamente que teve acesso ao registro feito pela Universidade de Brasília (UNB) desses sismos, foi que a Defesa Civil admitiu a ocorrência dos mesmos, mas continuou afirmando que era não era motivo de preocupação que estava tudo sob monitoramento. E logo depois o que tivemos? Uma nota divulgada pela Braskem sobre o colapso da Mina 18 informando até a previsão de horário do colapso. O que a sociedade merece e precisa é de respostas concretas”, acrescentou Neirevane.

NOTA DA BRASKEM

A Braskem também negou qualquer movimentação atípica nos arredores da mina 18 ou de manchas de óleo na Lagoa Mundaú, no trecho que vai da Levada ao Flexal de Baixo, em Bebedouro. Por meio da sua assessoria de comunicação, a mineradora se manifestou da seguinte forma:

“A Braskem informa que os sistemas de monitoramento geotécnico e ambientais não detectaram variações atípicas na região da cavidade 18, bem como inspeções de campo não identificaram a presença de material estranho ou oleoso na Lagoa Mundaú. A área permanecerá sendo acompanhada por equipes técnicas especializadas”.

Por Ricardo Rodrigues – colaborador / Tribuna Independente

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