width=

O diabetes tipo 5 foi reconhecido oficialmente nesta semana pela IDF (Federação Internacional de Diabetes). Segundo a organização, os mais afetados são homens jovens adultos em países com alto índice de desnutrição, em especial na África e Ásia. A federação calcula que 20 a 25 milhões sofram com o tipo 5 no mundo.

Apesar de mapeada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) desde os anos 1970, a doença ainda é um enigma para os pesquisadores.

O tipo 5 resiste ao tratamento convencional com insulina. Em alguns casos, injeções e medicamentos diminuem drasticamente a glicose no organismo. O tempo entre o diagnóstico e a morte é de um ano.

A federação associa esse quadro à subnutrição, mas ainda é incerto quais características do organismo podem desencadeá-lo.

Isso porque o diabetes é uma doença crônica divida em categorias com causas definidas.

No tipo 1, anticorpos atacam as células produtoras de insulina no pâncreas. É considerado autoimune -ou seja, sem um motivo externo. O diagnóstico costuma ser dado durante a infância.

Já as causas do tipo 2 são obesidade, colesterol alto e sedentarismo. São mais frequentes entre adultos com mais de 40 anos e representa cerca de 90% dos casos em todo o mundo, de acordo com a federação.

Na segunda (7), o Brasil foi listado pela IDF como o sexto país com maior número de pessoas com diabetes. São 16,6 milhões de diabéticos entre os 20 e 79 anos. Nos últimos 25 anos, o número representa um aumento de 403%.

Em 2024, mais de 110 mil brasileiros morreram por consequência do diabetes. A estimativa é que 24 milhões sofram com algum tipo da doença no Brasil até 2050.

A presença do tipo 5 é desconhecida no Brasil, explica o médico Fernando Valente, diretor da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes). Na Índia, estima-se que possa chegar a 5 a 20% dos casos de diabetes.

“Não é uma coisa desprezível, mas aqui a gente não tem esse relato. Talvez até por falta de procurar direito”, explica o especialista. O cenário não é exclusivamente brasileiro.

O diabetes do tipo 5 costuma ser diagnosticado entre quem sofreu desnutrição ainda na primeira infância, mas detectá-la é um problema de saúde pública.

“As pessoas nestes países de baixa renda [onde a doença ocorre] não vão ao serviço médico, não tem como fazer o diagnóstico correto”, acrescenta.

Diferentemente do tipo 2, os pacientes não têm sobrepeso. Ao contrário, são extremamente magros. A doença também se distingue do tipo 1.

“Ela [diabetes tipo 5] não é uma doença autoimune, como a tipo 1. Ela tem a ver com alguma desnutrição de proteína intrauterina nas primeiras fases importantes da vida para a formação do pâncreas”, diz Valente.

Ainda que já conhecido -no passado, recebeu nomes como “diabetes tropical”- o tipo 5 ainda é “historicamente mal diagnosticado e muito mal compreendido”, explicou a médica Meredith Hawkins em comunicado na terça (8). Ela é uma das principais pesquisadoras do tema no mundo.

A formalização pretende estabelecer protocolos internacionais para estudá-lo e combatê-lo, diz Hawkins .

“Tenho esperança que o reconhecimento formal do diabetes tipo 5 nos faça avançar no combate a uma doença longamente negligenciada que afeta milhares de pessoas e costuma ser fatal”, acrescenta a estudiosa.

Por Folhapress \ NOTÍCIAS AO MINUTO

FOTO: ©

Shutterstock

\ Lifestyle Saúde