A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), criticou nesta quinta-feira (10) deputados que assinaram pedidos de urgência ao projeto que anistia os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro.
Ela chamou os congressistas de “desavisados” e afirmou que a votação deste projeto criaria uma crise institucional devido ao conteúdo da anistia, que, segundo ela, beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros militares envolvidos na trama golpista para evitar a posse de Lula (PT).
Por outro lado, a petista admitiu que deve ser realizada uma discussão para concessão de anistia ou redução de pena para os envolvidos nos atentados.
“Eu confio muito na palavra do presidente [da Câmara] Hugo Motta, de que esse projeto não irá a voto, até porque se for, cria uma crise institucional, como ele mesmo disse. Eu acho que as assinaturas que alguns parlamentares estão fazendo dos partidos, tem muitos que estão até desavisados sobre o conteúdo do projeto”, afirmou a ministra.
“[Alguns] querem realmente uma mediação com aquelas penas para quem participou daqueles atos de 8 de janeiro, mas o projeto que está lá, vou repetir aqui, é um projeto que dá anistia ao Bolsonaro e aos generais. Isso não está explicitado, quando a gente fala com alguns parlamentares”, complementou.
Gleisi afirmou que falar sobre anistia ou redução de pena aos envolvidos é defensável, inclusive do ponto de vista de vários deputados e senadores, e ressaltou que seja necessário discutir o assunto no Congresso Nacional.
“O que não pode acontecer é uma anistia àqueles que conduziram o processo do golpe no país. Ao Bolsonaro, aos generais, àqueles que foram responsáveis por planejar e inclusive planejaram uma operação chamada punhal verde e amarelo que previa a morte do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin, do ministro Alexandre de Moraes. Isso não pode acontecer jamais.”
Até o momento, a postura da petista foi de contrariedade a qualquer flexibilização de pena ou perdão aos envolvidos nos ataques.
“De fato, falar sobre anistia ou mediação de pena ou redução de pena em relação a algumas pessoas do 8 de janeiro, eu acho que é plenamente defensável do ponto de vista de muitos parlamentares que estão ali, talvez a gente até tenha que fazer essa discussão mesmo no Congresso”, concluiu.
Após as declarações, Gleisi reforçou o posicionamento a favor da punição de Bolsonaro, em uma publicação no X (antigo Twitter), afirmando que o ex-presidente quer anistia para si e não para “o sorveteiro” ou a “moça do batom”, em referência à Débora Rodrigues dos Santos, que pichou a estátua da Justiça durante os atos.
Por Folhapress \ NOTÍCIAS AO MINUTO
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