Pílulas de insulina capazes de substituir injeções no tratamento de diabetes estão em fase avançada de testes clínicos na FDA (Food and Drug Administration), órgão regulador de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos. Considerado inovador, o medicamento está sendo desenvolvido pela empresa farmacêutica israelense Oramed.

Injeções diárias de insulina são utilizadas para o controle do diabetes tipo 1 e tipo 2. No diabetes tipo 1, o pâncreas não produz insulina, hormônio que metaboliza a glicose para a produção de energia. No diabetes tipo 2, o corpo não produz ou não a utiliza bem e a terapia com insulina também pode ser necessária.

Atualmente, a insulina é administrada por meio de seringa, caneta (que já vem com a insulina acoplada) ou pela chamada bomba de insulina, um aparelho eletrônico portátil que libera insulina durante 24 horas.

No entanto, existem diversas pesquisas no mundo em andamento para o desenvolvimento de tratamentos alternativos que possam facilitar a vida de quem tem diabetes, que não tem cura.

Pílula foi desenvolvida por Prêmio Nobel

A epidemia da diabetes é um fenômeno mundial. Atualmente, 425 milhões de pessoas vivem com a doença e a previsão é que esse número aumente para 629 milhões em 2045, de acordo com estimativas da International Diabetes Federation (IDF).

O diabetes fez parte do ambiente familiar de Nadav Kidron, CEO da Oramed, segundo o jornal The Jerusalem Post. Sua mãe trabalhou por quase 20 anos na Unidade de Diabetes da Uninversidade Hadassah-Hebrew, em Jerusalém.

Junto ao pesquisador Avram Hershko, bioquímico ganhador do Prêmio Nobel em 2004, a Oramed desenvolveu um tratamento que permite que proteínas, como a insulina, ao serem administradas oralmente, sejam entregues intactas ao fígado, que regula a secreção da insulina na corrente sanguínea.

“Em vez de tratar o excesso de glicose no sangue, cortamos a produção da fonte. Essa é uma maneira muito mais fisiológica de tratar o diabetes. O novo padrão de tratamento para diabéticos, no futuro, será por meio de insulina oral, dieta, exercícios e, eventualmente, insulina injetável “, afirmou Kidron ao jornal.

Medicamento chegará primeiro na China

O objetivo do tratamento, segundo a Oramed, além de promover qualidade de vida aos pacientes, é baratear a terapia.

Segundo o The Jerusalem Post, o produto será comercializado com a China antes dos Estados Unidos. A China é o país com o maior número de diabéticos do mundo, com 114 milhões de pessoas afetadas pela doença. Em seguida figura a Índia, com quase 73 milhões, e os Estados Unidos, com 30 milhões. O Brasil está em quarto lugar, com 12,5 milhões, o que corresponde a 7% da população, segundo o IDF.

A empresa está trabalhando em outros medicamentos, como o GLP-1 Analog, que faz com que a pessoa perca peso e estimule a produção de insulina.

Em outubro, Oramed registrou seu primeiro paciente em um estudo clínico para a pílula de insulina no tratamento da esteato-hepatite não alcoólica (EHNA), doença hepática crônica.

Para o endocrinologista Balduíno Tschiedel, presidente regional da América do Sul e Central da IDF, medicamentos como a pílula de insulina são o futuro. “Será um verdadeiro boom de novas tecnologias nos próximos anos. Mas o caminho mesmo será o biopancreas, no qual ilhotas pancreáticas [grupo de células que produzem a insulina] serão encapsuladas e produzirão insulina na medida exata”, diz.

O Dia Mundial do Diabetes, comemorado nesta quarta-feira (14), foi criado pela IDF e pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 1991. Trata-se da data de aniversário de Frederick Banting, cientista canadense que descobriu a insulina em 1922. O objetivo é aumentar a conscientização sobre os problemas trazidos pelo diabetes.

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