Esta semana, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou que o Governo Federal pretende privatizar ao menos 120 empresas ainda este ano, número que é quase o dobro das 67 privatizações de 2019. Se o Congresso Nacional autorizar a venda da Eletrobras, que ainda tem 210 subsidiárias, o montante passa de 300. Para Nestor Powell, presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, isso é “entreguismo”.

“A nossa visão é que se trata de serviços essenciais à população, mas temos um governo com uma política de entreguismo. Seguimos na luta para que o restante da Eletrobras não caia na mão do mercado. Na verdade, eles [mercado] querem explorar áreas que ainda estão no controle do Estado, da sociedade. Querem tomar conta e tornar tudo objeto de lucro”, afirma Nestor Powell.

O presidente do Sindicato dos Urbanitários destaca que a venda da Eletrobras implica na entrega à iniciativa privada de mais do que o serviço de fornecimento e geração de energia elétrica, mas, no caso, do controle de fornecimento de água.

“Quando se transfere os serviços de eletricidade para a iniciativa privada, também se transfere a gestão de recursos hídricos. No Nordeste, o Rio São Francisco. Enquanto público, se controla o fluxo de água e, numa crise hídrica, parar as turbinas para que a água vá à população. Agora, imagine se na iniciativa privada se isso seria feito. A gente acredita que não”, explica Nestor Powell.

O Governo Federal defende sua política de privatizações como forma de arrecadar recursos. Segundo, Salim Mattar, a meta do Planalto para este ano é reduzir os investimentos públicos em estatais no valor de R$ 150 bilhões – ante a R$ 105,4 bilhões em 2019.

“A gente entende o fato da necessidade de recursos para investimentos e que isso pode ser buscado na iniciativa privada, mas isso não significa dar o controle de setores essenciais”, comenta Nestor Powell.

EQUATORIAL

A Equatorial, empresa que assumiu recentemente o controle da antiga Ceal, vem passando por uma série de questionamentos, desde a qualidade do serviço de fornecimento de energia elétrica até a cobranças indevidas de faturas.

Para Nestor Powell, isso é reflexo do modelo de gerenciamento empresarial que foi adotada na ex-Ceal. O presidente do Sindicato dos Urbanitários defende que a empresa preste esclarecimentos à população.

“Já tivemos essa discussão com a empresa, achamos que ela deve prestar alguns esclarecimentos sobre o que está acontecendo. Acreditamos que as demissões em massa, principalmente do pessoal que detinha conhecimento técnico aprofundado sobre o sistema. Ela acredita que esse modelo é o ideal, de que a parte operacional tem de ser terceirizada. Parte disso é consequência desse modelo de gestão”, analisa Nestor Powell.

Fonte: Tribuna Independente / Carlos Amaral