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Estimular a autonomia da mulher e o protagonismo feminino. Foi com esse objetivo que o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Selma Bandeira, no Benedito Bentes, realizou o projeto “Lá em casa quem manda sou eu: uma reflexão sobre a construção da autonomia feminina no ambiente doméstico”. O terceiro e último encontro foi encerrado na sexta-feira (14) com oficina de trufas.

A iniciativa foi da estagiária Renata Ribeiro, estudante de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A partir do perfil das mulheres assistidas pelo Cras, ela constatou que a maioria é responsável pela família. “A gente quis saber como isso foi construído e ampliar a discussão sobre a autonomia da mulher também na sociedade. Então hoje apresentamos os serviços do Cras, um exemplo de um grupo de mulheres que alcançaram a independência financeira através da criatividade e colocamos a mão na massa com a oficina de trufas, para que desperte nelas o desejo de criar algo em busca de uma melhor qualidade de vida”, explicou a universitária.

O projeto foi organizado em três etapas, cada uma com um tema específico. O primeiro tratou dos “Direitos sexuais e reprodutivos”. O segundo abordou o “Estilo de vida e saúde mental”. O tema “Cras, os serviços socioassistenciais e a participação feminina” foi abordado no último módulo do projeto para as mulheres do Serviço de Convivência de Fortalecimento de Vínculos (SPFV), do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e dos territórios do Cras em geral.

“O Cras é um espaço aberto para que as mulheres participem, um ambiente de acolhimento e que proporciona o empoderamento feminino. Foi só um primeiro passo, porque o projeto é apenas um bebê, mas a equipe técnica vai ficar à vontade para dar continuidade e, assim, atender o grupo feminino, o mais participativo na unidade”, acrescentou Renata.

Gilvania Vieira dos Santos ficou atenta a cada informação apresentada nos encontros. A dona de casa, que tem a família assistida pelo PAIF, destacou dois momentos. “Foi uma maravilha o projeto. O que mais me chamou atenção foi o momento de orientações sobre se proteger contra as doenças e esse de hoje, por aprender a fazer trufas. Sou mãe de cinco filhos e sabemos que o desemprego está grande. Então é bom saber porque já posso pensar em fazer para vender”, pontuou.

O Cras significa muito na vida de Solange da Silva Diniz, moradora do Parque dos Caetés. Ela reconhece a importância de ações como essa na vida da comunidade. “O primeiro sobre a saúde foi muito bom. Já expliquei a minha filha sobre os cuidados e a prevenção da gravidez e doenças. Foi tudo ótimo para mim e eu gosto daqui. Minhas filhas se criaram aqui dentro e sempre participo dos cursos”, enalteceu a usuária do Serviço de Convivência.

A assistente social e supervisora de estágio, Ana Carolina Andrade, explicou que a experiência de Renata na comunidade foi fundamental para o desenvolvimento das ações. “O projeto foi resultado da vivência no campo de estágio, ela acompanhou as atividades no Cras, os atendimentos nas visitas domiciliares e identificou a necessidade de trabalhar a autonomia e o empoderamento feminino. Foi de suma importância para nós e para elas, que se capacitaram, viram outros horizontes para empreender e ampliaram os conhecimentos sobre os direitos”, disse. “O projeto é o início de tudo e como nós temos o Serviço de Convivência aqui no Cras, com certeza as atividades terão continuidade”, acrescentou.

A contribuição da estagiária, já em reta final da experiência, e o envolvimento das mulheres no projeto foram destacados por Ana Lucia Nogueira da Costa, coordenadora do Cras Selma Bandeira: “A gente abre espaço para o crescimento profissional de uma estudante em um primeiro momento dela, então a gente fica muito feliz pela parceria com a Ufal. E ela, quando fomenta a reflexão para essas mulheres,está abrindo uma possibilidade de mudança enorme na vida delas. É uma alegria ver que o Cras é precursor desse movimento com as comunidades vulneráveis”.

Mês da Mulher

O projeto deu tão certo que a ideia da estagiária Renata Ribeiro será ampliada para outros bairros, como anunciou Daniela Lamenha, coordenadora de Políticas para Mulheres da Semas. “O projeto foi muito interessante e a gente tem a proposta de levar para outros Cras de Maceió, para que seja desenvolvido de acordo com cada região e a necessidade de cada mulher. A gente veio até aqui conhecer o projeto e vamos aproveitar o Mês da Mulher para que ele possa se desenvolver da melhor forma”, informou a coordenadora.

As experiências das mulheres com iniciativas como a do Cras Selma Bandeira são consideradas meios, inclusive, de combate à violência contra a mulher. “Neste ano a gente também está trabalhando muito com ênfase na violência, porque foi identificado ano passado um número muito alto de feminicídio em Alagoas. Muitas mulheres são vítimas por não terem autonomia financeira, então, às vezes, elas não têm coragem de sair de casa. Esse projeto visa o autoestima e o desenvolvimento dessa coragem nas mulheres, para que elas possam tomar iniciativas e gerir suas próprias vidas”, justificou Daniela.

Por Secom Maceió | Portal Gazetaweb.com