Quando escolheu Pedrinho para ser o camisa 10 do Corinthians, o técnico Tiago Nunes encerrou uma escrita que durava pouco mais de uma década. Desde 2008, quando Lulinha começou a perder espaço e teve de ceder a camisa para o uruguaio Acosta, o clube não tinha jogador formado nas categorias de base vestindo a mítica camisa.
Pedrinho foi informado que assumiria a camisa 10 quando estava com a seleção brasileira no Torneio Pré-Olímpico, disputado em janeiro na Colômbia – o Brasil conseguiu a vaga nos Jogos de Tóquio com contribuição das boas atuações do corintiano.
A escolha de Tiago Nunes foi tão importante que motivou Pedrinho a permanecer no clube até a metade de 2020. Com negociação adiantada para se transferir para o Benfica, de Portugal, o atleta de 21 anos quis ficar para ajudar o clube vestindo a camisa famosa. “Ele tinha o sonho de usar a camisa 10”, diz o empresário Will Dantas. “Como ele foi formado na base do clube, existe uma identificação grande com o clube e a torcida.”
A tendência é que o Benfica desembolse 20 milhões de euros (R$ 94 milhões) para ficar com o jogador de maneira definitiva. Pedrinho já ensaiou essa transição Brasil-Europa, mas havia ficado no meio do caminho. Ajax, Borussia Dortmund e até Barcelona e Real Madrid fizeram sondagens, mas elas não se transformaram em ofertas de papel passado. Ele também teve proposta da China, mas descartou de imediato. Seu estafe acredita que 2020 é o ano para deslanchar.
O sonho de defender o Corinthians na Libertadores, usando a camisa 10, durou 28 minutos. Na partida diante do Guaraní, do Paraguai, ainda pela fase preliminar, Pedrinho foi expulso e o time, eliminado. Restam agora o Campeonato Paulista e algumas partidas da Copa do Brasil e do Brasileirão.
Se o Corinthians chegar à final do Paulistão, Pedrinho terá no mínimo mais 10 jogos com a camisa alvinegra. Na conta não está incluída a Copa do Brasil, torneio no qual o Corinthians vai entrar nas oitavas de final. A quinta fase começa em 29 de abril e vai até 27 de maio. Pedrinho vai participar, mas não até o final. O Brasileirão começa em maio, mas a tabela sindfa não foi divulgada pela CBF.
ADAPTAÇÃO – Na primeira partida após a queda na Libertadores, o clássico contra o São Paulo, Pedrinho ficou no banco de reservas e só entrou na etapa final. Tiago Nunes preferiu promover a estreia do colombiano Yony Gonzáles. A primeira opção foi tática.
“O Yony tem alguns atributos que chamam muito a atenção. Ele tem muita força física. É um jogador de velocidade, que recebe bola no pé e ganha a bola longa. Teríamos que ter um embate físico com a linha do São Paulo. A presença dele foi por isso”, disse Nunes.
A ausência da promessa também foi uma forma de preservá-lo. Ele deixou a Arena Corinthians chorando após a eliminação na Libertadores e não falou com a imprensa.
Além disso, Pedrinho precisa entender a filosofia de trabalho de Tiago Nunes. Essa adaptação ainda é necessária. O jogador perdeu toda a pré-temporada do Corinthians por causa do Pré-Olímpico e entrou em campo na Libertadores depois de fazer apenas um treino com o treinador. Pessoas próximas ao jogador afirmam que ele está preparado, pois já atuou aberto pelos lados e também centralizado.
Revelado na Copa São Paulo de 2017, o meia franzino e habilidoso fazia o estádio vibrar quando o sistema de som anunciava seu nome. Hoje, o barulho já não é tão forte. Mas o meia de 20 anos está com cartaz com o novo treinador. Membros da comissão técnica avaliam que ele é o único do elenco, além do meia Luan, capaz de fazer algo diferente.
TRADIÇÃO – A escolha de Pedrinho como 10 revela outra característica da equipe. Nos últimos anos, o dono dessa camiseta sempre foi uma contratação. Douglas teve duas passagens pelo Corinthians com o número, a primeira entre as temporadas 2008 e 2009 e a segunda de 2012 a 2014. Sob o comando de Mano Menezes, ele foi importante nos títulos da Série B de 2008 e da Copa do Brasil e Campeonato Paulista do ano seguinte. Em sua segunda passagem, ele conquistou mais troféus, como o Mundial, a Libertadores e a Recopa. Atuou 249 vezes e marcou 33 gols.
Bicampeão brasileiro e tricampeão estadual pelo Corinthians, o meia Jadson usou a 10 entre 2014 e 2015 e de 2017 até o ano passado. Em 2019, Jadson somou 34 partidas, um gol e quatro assistências. Ao longo de sua trajetória no Corinthians, ele somou 232 jogos, com 50 gols e 61 assistências. Com a chegada de Nunes, Jadson perdeu espaço e busca outro clube. Em sua despedida, afirmou que o adeus não foi da maneira como gostaria.
por Estadao Conteudo / NOTÍCIAS AO MINUTO