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Renan Filho (MDB) terá que mostrar jogo de cintura nas eleições deste ano. Nos maiores colégios eleitorais do estado, há apoiadores em mais de uma chapa e, para fazer valer sua máxima de “ciscar para dentro”, o governador terá de mostrar muita habilidade política, especialmente quando o clima da campanha esquentar nessas cidades,

No maior deles, Maceió, o MDB de Renan Filho terá como candidato o ex-procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto. Porém, um dos adversários tem um bom relacionamento com o governador na Assembleia Legislativa Estadual (ALE) e é colocado como aliado no parlamento, o deputado Davi Davino Filho (PP).

Em Arapiraca, segundo maior colégio eleitoral de Alagoas, Dois nomes “brigam” pela vaga de candidato no MDB: o deputado estadual Ricardo Nezinho – derrotado na última eleição municipal – e o vice-governador Luciano Barbosa, eleito em 2004 e reeleito em 2008 para a Prefeitura da cidade. Até o momento, Renan Filho não se posicionou sobre o assunto, mas levando em conta a estreita relação, se dependesse de sua vontade, o escolhido seria o do vice-governador.

Em Rio Largo, há, até o momento, sete pré-candidatos, entre eles o atual prefeito Gilberto Gonçalves que, apesar de ser do PP, mantém uma relação próxima com Renan Filho e deverá contar com seu apoio.

Em Palmeira dos Índios, o prefeito Júlio Cezar (PSB) caminhava para disputar a reeleição com o possível apoio do governador Renan Filho e também da deputada estadual Ângela Garrote (PP), mas ela desfez o acordo e se colocou como pré-candidata, o que pode também inviabilizar o apoio do governador para o atual gestor do município porque a parlamentar vai querer sua adesão.

Em União dos Palmares e Penedo, o MDB encabeçará suas respectivas chapas. Em União, Areski Freitas, o Kil, vai tentar a reeleição e deverá ter em seu palanque o reforço do governador. Já em Penedo, o atual vice-prefeito Ronaldo Lopes irá tentar suceder Marcius Beltrão (PDT) e para isso contará com o apoio de Renan Filho.

Em alguns locais no estado, a postura será de distância do MDB

Na contramão do que deve ocorrer em União e Penedo onde os candidatos do MDB terão o apoio de Renan Filho, a disputa em São Miguel dos Campos deverá ter o governador longe do palanque emedebista. O pré-candidato pelo partido no município deve ser o ex-prefeito George Clemente, mas o governador, provavelmente, apoiará o seu ex-secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Fernando Pereira (PP), e assim manter estreita relação política com a Família Pereira.

Uma das disputas mais emblemáticas deverá ser em Coruripe. O município, comandado há mais de 30 anos pela família Beltrão, terá dois membros da parentela na disputa. Fato que gerou a saída de um deles do MDB, o deputado estadual Marcelo Beltrão que deixou a legenda para concorrer à Prefeitura pelo PP, O MDB do município “estava nas mãos” de seu primo Maykon Beltrão, que disputará o pleito com o apoio do irmão, o deputado federal Marx Beltrão (PSD) e de Renan Filho.

Em Marechal Deodoro e Delmiro Gouveia, o governador deverá apoiar as reeleições de Cacau (PSD) e Padre Eraldo (PSD), respectivamente. Cristiano Matheus, ex-prefeito de Marechal e aliado de longos tempos dos Calheiros, chegou a ensaiar uma pré-candidatura no município, mas acabou logo voltando atrás por entender que não iria ter o apoio de Renan Filho.

CIENTISTA POLÍTICO

Para o cientista político, Ranulfo Paranhos, o diálogo e o bom relacionamento, até mesmo com opositores, do governador Renan Filho dentro dos maiores colégios eleitorais do estado tem duas causas principais: manter o MDB consolidado em Alagoas e se fortalecer para disputar o Senado em 2022.

“Se o MDB sair vitorioso na maioria desses municípios, inclusive naqueles onde o atual prefeito e o opositor se sentem aliados dos Calheiros, em 2022, consequentemente, terá mais chances para eleição do Renan Filho. Então, se terá um MDB consolidado, que chega em 2022 com mais prefeituras e mais votos para o governador se lançar ao Senado”, analisa. “E candidatos ao Senado precisam de votos do interior”, completa o cientista político à Tribuna.

Fonte: Tribuna Independente / Texto: Carlos Victor Costa

(Foto: Sandro Lima / Arquivo)