“Finalmente medalhista olímpica.” A frase foi pronunciada por Bruno Fratus, ao fim dos 50m na natação dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas valeria perfeitamente para outra referência da natação brasileira: Ana Marcela Cunha. Dona do prêmio de maior nadadora de águas abertas do mundo por seis vezes, a baiana de Salvador chegou na capital japonesa com 33 medalhas de ouro, 16 de prata e 17 de bronze em etapas mundiais. Porém, ainda faltava uma. Após a favorita passar em branco nos Jogos do Rio-2016, ela enfim pode gritar que é campeã olímpica. A brasileira ganhou o ouro nos 10 quilômetros da maratona aquática dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, nesta terça-feira (3/8), na Marina de Odaiba.
“Todas as medalhas olímpicas conquistadas pelo Brasil me inspiraram muito, principalmente as do Fernando Scheffer e o Bruno Fratus, por serem da natação”, comentou Ana Marcela, ao fim da prova. Bruno Fratus correspondeu com os parabéns publicados nas redes sociais. Assim como o amigo da piscina, a baiana precisou persistir até poder subir no pódio olímpico. Ana Marcela participou dos primeiros Jogos Olímpicos em Pequim-2008, aos 16 anos, terminando na quinta colocação nos 10km da maratona aquática.
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No ciclo olímpico seguinte, Ana Marcela já era campeã mundial em uma prova não olímpica, a dos 25km, em Xangai. Mas não se classificou para os Jogos de Londres-2012. A redenção poderia vir em uma Olimpíada sediada em solo brasileiro. Na Rio-2016, ela chegou como grande favorita ao pódio, mas enfrentou problemas na hidratação durante a prova e terminou apenas em 10.º lugar. A espera da nadadora foi ainda maior devido ao adiamento dos Jogos de Tóquio. Mas o destino lhe reservava o melhor lugar do pódio quando ele chegasse, aos 29 anos.
“Finalmente”, desabafou Ana Marcela, após ter sido a primeira nadadora a bater a mão na linha de chegada da maratona aquática na capital japonesa. “Por mais nova que tenha ido em Pequim-2008, foi minha primeira Olimpíada, estou no meu quarto ciclo olímpico. Eu vim de uma não classificação em 2012, de uma frustração no Rio, em 2016, e de um amadurecimento muito grande. O que posso dizer é para que acredite no seu sonho”, disse, emocionada.
A corrida rumo ao ouro olímpico
Ana Marcela Cunha largou com o número 8 entre as 25 competidoras já buscando o pelotão da frente. Desde o começo, Ashley Twichell, atleta de 32 anos dos Estados Unidos, assumiu a ponta, puxando o ritmo da Ana Marcela Cunha, que manteve-se na segunda colocação durante a maior parte da prova. Nos primeiro 5 quilômetros, as duas estavam acompanhadas de perto pela Anastasiya Kirpichnikova, do Comitê Olímpico Russo (ROC). Ao fim da primeira volta (1,4 km), a brasileira optou por não fazer a primeira hidratação e assumiu a liderança. Mas ditar o ritmo da prova não é característica da Ana Marcela.
Na segunda volta, a americana Twichell ultrapassou a brasileira, que viu a alemã Leonie Beck se aproximar em terceiro. As três brigaram na ponta na maior parte da competição. Próxima dos 8km, Ana Marcela sofreu o ataque da holandesa Sharon van Rouwendaal, atual campeã olímpica da prova, caindo para a 4ª posição. Mas a emoção ficou guardada para o último 1,5km. Nesta reta final, todas as nadadoras aceleraram muito, provocando novo alinhamento.
No último quilômetro, Ana Marcela colocou um corpo de vantagem e manteve-se na liderança até consagrar-se como a primeira campeã olímpica do Brasil na maratona aquática, ao terminar em primeiro com 1h59min30s. A prata ficou com a holandesa Sharon Van Rouwendaal (1h59min31s7) e o bronze coma australiana Kareena Lee (1h59min32s5).
“Eu sabia o quanto eu estava preparada. Eu fiz a minha prova e aprendi a ser feliz. Estava sendo muito feliz fazendo o que amo”, comentou Ana Marcela sobre a prova, já como campeã olímpica.
Medalha brasileira na maratona aquática na Rio-2016
Essa foi a quarta participação da maratona aquática dos 10 km nos Jogos Olímpicos. Na Rio-2016, a brasileira Poliana Okimoto faturou o bronze na praia de Copacabana. A comemoração acabou acontecendo de forma inusitada, porque Poliana terminou a prova em quarto lugar, mas acabou pegando o pódio após a desclassificação da francesa Aurielle Muller. A brasileira soube da notícia ainda nas areias, minutos após o término da prova.
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Reprodução/Sportv