Uma nova polêmica veio tomar de conta das mesas de discussões do Brasil. Desde 2021, tem sido discutida uma mudança no futebol brasileiro, que é a criação de uma liga, administrada pelos clubes, para que, desta forma, eles sejam soberanos nas decisões que dizem respeito às agremiações.
Nos últimos meses, duas iniciativas foram criadas. A primeira delas foi intitulada como “Forte Futebol” que , em um primeiro momento, é apoiada por 11 clubes, que são: América-MG, Atlético-GO, Atlético-MG, Athletico-PR, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude.
Por outro lado, temos a chamada “Libra”, um grupo de clubes idealizado por Flamengo, São Paulo, Corinthians, Santos, Palmeiras e Red Bull Bragantino. Após uma reunião para debater o assunto, Cruzeiro e Ponte Preta também se juntaram ao grupo.
Com o assunto borbulhando nos bastidores futebolísticos e também nas redes sociais, a Gazetaweb entrou em contato com o presidente do CSA, Omar Coêlho. Como as ligas idealizam organizar e comandar as Séries A e B do Brasileiro, nada como a visão pessoal do atual comandante azulino. Inclusive, Omar afirmou ser a favor da criação de uma liga no Brasil.
“Os melhores exemplos de futebol de alta performance e sucesso financeiros aos clubes, advêm das Ligas. No Brasil, a CBF que deveria gerir apenas a Seleção Brasileira detém esse poder e os clubes nunca tiveram competência para assumir essa primazia, haja vista que buscam individualizar suas ações, olham para o próprio umbigo e não se avança. Não é o caso de se demonizar a CBF, mas os clubes devem poder gerir seus direitos e não ser coadjuvantes. Sou absolutamente a favor da criação da Liga do Futebol Brasileiro, a LIBRA”, disse o mandatário.
Omar Coêlho revelou que o CSA ainda está iniciando as conversas com outros clubes, mas que ainda está muito prematuro. A Libra, inclusive, já lançou um estatuto, este no qual incomodou alguns membros do Forte Futebol, especialmente por conta dos valores envolvidos.
“Na verdade, estamos iniciando as tratativas que chegaram através da Associação Nacional dos Clubes. Apesar de o protótipo de Estatuto da Liga e da Sociedade Anônima já existir, não houve ainda uma grande discussão, que está iniciando entre nós, clubes da Série B, pelo menos. Hoje, apenas oito clubes assinaram a formação do estatuto. Temos muito caminho pela frente”, revelou.
Em viagem oficial para o Rio de Janeiro, onde representará o Azulão do Mutange em uma reunião na CBF, o presidente azulino revelou que estudou o estatuto da Libra. E, como era de se esperar, o que mais o preocupou foram os valores. Em um primeiro momento, este ainda é o principal ponto de discordância entre os clubes, que querem evitar uma “espanholização” do futebol brasileiro.
“Hoje, estudei o estatuto enquanto vinha para o Rio, no avião, o que mais nos preocupa é quanto à distribuição das cotas, que a priori não muda muita coisa e, sendo assim, acho que não prosperará se os grandes não observarem que o futebol só melhorará com uma maior distribuição de renda”, observou Omar.
Apesar de dois grupos separados, no momento, Omar Coêlho afirmou estar focado na Libra que, de forma efetiva, reuniu os clubes e fez a proposta de estatuto, já um pouco mais adiantado, inclusive, em negociações de valores: “Temos nos debruçado sobre a Libra, que tem sido o objeto de discussão na ANC (Associação Nacional dos Clubes)”.
Embora as discussões sobre o financeiro sejam as mais ferventes, o presidente do CSA mostrou-se otimista com os ajustes que podem ser feitos. O principal ponto de clubes como Atlético-GO e Athetico-PR, que não assinaram com a Libra, é a divisão de cotas.
“Conforme falei anteriormente, quando tratamos das distribuição das cotas, no mais, não vejo maiores problemas. Alguns ajustes quanto à representação nos Conselhos são coisas possíveis de superar”, disse.
Por fim, o presidente azulino não confirmou se estará presente na próxima reunião da Libra, programada para o próximo dia 12, na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Porém, os 40 clubes das Séries A e B do Brasileirão foram convocados. Contudo, Omar acredita que o futebol brasileiro mudará, e para melhor.
“O futebol brasileiro será reinventado, acabou o futebol de outrora, passamos a cuidar da Base, com um investimento maciço, como fizeram os alemães, que nos deu aquela sova em 2014, vamos passar mais um bom tempo sem títulos mundiais”, opinou.
Hoje, ainda não há um consenso entre os clubes, apesar de a união estar aumentando. Mesmo com os grupos “Libra” e “Forte Futebol”, o CSA encontra-se no grupo dos que ainda não assinaram, assim como Grêmio, Internacional, Guarani e Fluminense, por exemplo. Basta ver o que o futuro reserva.
POR: Guilherme Magalhães/GAZETAWEB
FOTO: Augusto Oliveira/CSA