A autorização tardia para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ir ao velório do irmão Genivaldo Inácio da Silva, o Vává, de 78 anos, em São Bernardo, foi duramente criticada pelo presidente do Diretório Estadual do PT de Alagoas, o advogado Ricardo Barbosa.

“Está cada vez mais clara que a prisão do Lula é política. Sabemos que ele foi preso porque era um candidato que iria ganhar as eleições em 2018. E continua preso porque se solto for vai provocar uma grande comoção nacional, indo de encontro aos interesses daqueles que querem estabilizar uma situação política de ataque aos direitos dos trabalhadores e da democracia”, disse Barbosa.

Ele destacou que a lei permitia a Lula sair para o velório e sepultamento. “Isso aconteceu em maio de 1980, quando Lula se encontrava preso e foi liberado para o enterro de sua mãe, a Dona Lindu”, relembrou, destacando que, à época, o Brasil ainda vivia a ditadura do regime militar e que Lula estava preso após um ato de greve.

Vává, irmão do ex-presidente, morreu vítima de câncer na última terça-feira. Assim que a notícia foi divulgada se sabia que o sepultamento seria às 13h.

Em casos assim, diz o Código Penal: ” O artigo 120 afirma que o “falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”.

Baseado nisso a defesa entrou com pedido na Vara de Execuções Penais de Curitba, mas a juíza Carolina Lebbos, responsável pelas decisão na Operação Lava Jato, negou o pedido ainda ontem.

Em recurso ao Tribunal Regional Federal da 4° Região, Lula perdeu novamente e o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Coube ao ministro Dias Toffoli derrubar o veto das outras instâncias. E permitir que Lula fosse a uma unidade militar se encontrar com familiares, e que o corpo também fosse levado até o local, caso fosse de interesse dos parentes.

A decisão, porém, saiu durante o sepultamento, na tarde de hoje. Com isso, não deu mais tempo de articular a saída da carceragem de Curitiba, no Paraná.

“O fato de não poder fazer isso agora, mesmo depois de ter feito na época da ditadura, é de se imaginar o nível de estado anti-democrático que nós vivemos no Brasil. Mas, isso só acontece com o Lula. Talvez se fosse um outro apenado a lei teria sido aplicada corretamente, como se esperava”, ironizou Ricardo.

O petista disse que há uma necessidade de que a resistência e “luta contra a prisão de Lula” se intensifique mais, sobretudo após esse fato.

“Diga-se também que é a primeira vez que a Justiça determina que um morto vá ao encontro de sua família para fazer um funeral. Essa decisão ‘monstruosa e teratológica’ saiu como uma emenda pior do que o soneto”, concluiu o presidente.

Por Marcos Rodrigues | Portal Gazetaweb.com