O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou que seria prematuro falar neste momento sobre as responsabilidades do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, exonerado nesta segunda (20), e o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, no esquema de candidaturas laranjas do PSL revelado pela Folha de S.Paulo.

Em entrevista à rádio CBN nesta terça (19), Moro declarou que a Polícia Federal já vinha fazendo investigações preliminares do caso, e que a legislação eleitoral determina uma requisição do Ministério Público Federal para que um inquérito seja aberto.

“Isso [a requisição] não pode ser suprida pelo ministro da Justiça. Estamos esperando essa requisição, e tão logo seja efetuada, o fato será investigado, sem qualquer juízo prematuro sobre a responsabilidade de uma ou outra pessoa”, disse o ministro. “Quem vai fazer isso é a polícia e o Ministério Público, como tem que ser”.

Moro disse ainda que há uma “certa incompreensão” do papel do ministro da Justiça. “O ministro da Justiça está ali para fazer um trabalho de cunho mais estrutural, ele não é um super juiz, um super tira, normalmente não vai se envolver em casos concretos”, disse. “O que ele faz é dar liberdade para órgãos de investigação e de controle para fazerem seu trabalho”.

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O ministro lembrou que, nesse caso específico, o presidente da República, Jair Bolsonaro, lhe pediu para apurar as candidaturas laranjas do PSL.

“Nesse caso em particular o presidente solicitou que fosse feita uma apuração para que os fatos sejam esclarecidos. Eu transmiti essa solicitação à PF, que já vinha fazendo um trabalho de apuração preliminar, e que vai continuar fazendo esse trabalho”.

Tanto Bebianno como Marcelo Álvaro Antônio se tornaram suspeitos após uma série de reportagens da Folha que mostraram a existência de um esquema de candidaturas laranjas do PSL para desviar verba pública eleitoral.

O ex-ministro da Secretaria-Geral, exonerado nesta segunda-feira (18), é apontado como responsável pelas transferências por ter presidido o PSL entre janeiro e outubro de 2018. Ele nega irregularidades e diz desconhecer os candidatos suspeitos.

Como revelou a Folha de S.Paulo em 4 de fevereiro, Alvaro Antônio patrocinou um esquema de candidaturas de fachada em Minas, que também receberam recursos volumosos do fundo eleitoral do PSL nacional e que tiveram votações pífias. Parte do gasto que elas declararam foram para empresas com ligação com o gabinete de Álvaro Antônio na Câmara.

Bebianno já afirmou se sentir “perplexo” pelo o que classificou como tratamento diferente dado a ele e ao ministro do Turismo.

O ministro do Turismo, por seu lado, tenta se desvincular de Bebianno. Diante da crise, afirmou neste sábado (16) não ver nenhuma relação entre a sua situação no governo e a pressão sobre o ex-ministro.

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