O valor da tarifa de energia elétrica em Alagoas sofrerá reajuste daqui a 45 dias. O percentual, contudo, não foi revelado pela Equatorial Energia, empresa que comprou a Companhia de Energética de Alagoas (Ceal) por R$ 50 mil no fim de 2018. Além disso, um Programa de Demissão Voluntária (PDV) será implantado na distribuidora nos próximos dias.

Ontem (18), a Equatorial assumiu de fato o controle da distribuidora alagoana e concedeu entrevista coletiva para apresentar as linhas gerais de como pretende gerir a agora ex-Ceal.

“Ainda não temos o valor do reajuste, mas possivelmente será abaixo da inflação”, garante Humberto Soares, presidente da Equatorial Energia Alagoas. Além dele, participaram da entrevista coletiva Firmino Sampaio, presidente do Conselho da empresa, e Augusto Miranda, presidente nacional da Equatorial Energia.

“Uma coisa que muita gente não sabe é que apenas 20% do valor da tarifa ficam com a distribuidora, o restante vai para custos e encargos. Além disso, quem determina o valor da tarifa de energia elétrica é a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica]”, completa Humberto Soares.

No Piauí, após a aquisição da Companhia Energética do Piauí (Cepisa) pela Equatorial em outubro de 2018, a Aneel aprovou reajuste médio de 12,64% no valor da tarifa de luz naquele estado. A Cepisa foi a primeira distribuidora a ser vendida, do lote de seis, em 2018.

PROPOSTA ÚNICA

A única proposta pela Ceal no leilão do último dezembro foi o da Equatorial Energia, por R$ 50 mil. Augusto Miranda ressalta que a empresa assumiu uma dívida de R$ 1,8 bilhão da distribuidora alagoana.

O deságio oferecido pela compra da Ceal foi zero. Ou seja, sem desconto de tarifa algum aos consumidores.“Por isso que nenhum dos players fez proposta, eles acharam que não valia a pena, mas nós não entendemos assim”, comenta o presidente nacional da Equatorial.

A empresa teve de fazer um aporte de R$ 545 milhões à distribuidora alagoana. Segundo, Humberto Soares, o dinheiro entrou ontem na conta da Ceal.

Programa de demissão voluntária será implantado na antiga Ceal

Além do reajuste no valor da tarifa de energia elétrica, a Equatorial também adianta que fará um PDV (Programa de Demissão Voluntária) para os mais de 1.200 funcionários da antiga Ceal. De acordo com Humberto Soares, muitos dos trabalhadores deverão permanecer na distribuidora.

“Nossa gestão é pautada em gente. Nós acreditamos nas pessoas, valorizamos as pessoas. A gente já percebeu que tem muita gente boa na empresa, mas aqueles que não se sentem preparados [para o que vamos implantar na empresa] ou não quiserem seguir conosco, terão o PDV como opção”, comenta. “Nas outras distribuidoras que dirigimos, nós aumentamos o quadro de funcionários. É uma política nossa trabalhar junto às pessoas”, completa em tom contraditório.

O presidente da Equatorial em Alagoas também ressalta o uso de trabalhadores terceirizados daqui por diante. Os contratos das empresas de terceirização com a Ceal serão revistos, mas Humberto Soares ressalta que todas as locais já foram chamadas a participar do certame de escolha delas, assim como as de outros estados.

“A gente vai divulgar as condições [do PDV] nos próximos dias, mas deve acontecer logo no início [da nova gestão] para as pessoas que não se sentem preparadas para o novo modelo. Nas outras empresas nós encontramos pessoas muito boas e aqui não foi diferente. Tem muita gente boa querendo construir com a Equatorial, pessoas que tinham algumas restrições na outra gestão, devido à situação que ela estava vivendo, mas agora, com melhores condições a gente vai poder ter um resultado melhor”, diz Humberto Soares.

Ainda de acordo com ele, aumento ou redução do quadro de funcionários vai depender da execução do planejamento da Equatorial Energia para Alagoas.

“Estamos agora divulgando o corpo gerencial principal, mas tem pessoas da casa que vão assumir postos de liderança. A redução [ou não] vai depender muito dos próximos meses. Nas outras empresas, como no Maranhão, por exemplo, a gente praticamente dobrou o número de empregos, entre próprios e terceiros. Isso depende da estratégia a ser adotada. O plano de investimentos que queremos imprimir, acreditamos que a força de trabalho total deve aumentar”, diz Soares.

COMBATE ÀS PERDAS

Cerca de 5% do faturamento da Ceal é perdido com inadimplência e furtos de energia. Pelos padrões da Aneel, esse índice não pode ser mais que 1%.

De acordo com Humberto Soares, a Equatorial vai buscar resolver esse problema junto aos consumidores na base do “diálogo”. “A perda de energia traz prejuízos a todos, gera aumento da tarifa e insegurança à rede. Um dos nossos pilares é uma fiscalização forte”, comenta. “Nossa abordagem ao cliente é sempre respeitosa e o corte é a última ferramenta. Antes oferecemos diálogo e parcelamento do débito”, completa o presidente da Equatorial em Alagoas.

Fonte: Tribuna Independente / Carlos Amaral