Elevar a autoestima e melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência física ou limitações motoras. Esta é a proposta de projeto de reabilitação em Maceió que existe há cerca de 16 anos. Segundo o professor Pablo Lucini, o trabalho desenvolvido na Vila Olímpica do Sesi Cambona tem mudado os rumos da vida de 240 pessoas atendidas.

“O pessoal chega aqui muito desacreditado. Mas com todo o apoio que recebe, desde o pessoal da portaria, psicólogos até da direção do Sesi [Serviço Social da Indústria] que acredita no projeto, ninguém consegue fazer nada só. Nós estamos em crescimento. Alguns chegam aqui muito mal e assumem o desafio de melhorar a autoestima. Eles interagem. Muita gente sofreu acidente, que é muito ruim, porque para ela o mundo acabou. Aqui nós motivamos. Eles são atendidos por psicólogos. Existem pessoas da terceira idade com problemas de artrose, de locomoção e todos passam por essa reabilitação”, destaca o professor.

Pablo Lucini explica que o projeto de reabilitação atende diversos tipos de limitação e oferece suporte como hidroginástica, atendimento psicológico, terapêutico e social.

“O projeto surgiu em 2003 e tem 240 pessoas que vai de auditivo, mental, visual, físico autista e hemofílico. O projeto é importante para as pessoas porque ajuda na parte de fisioterapia, auxilia na motivação, no incentivo. É um diferencial. É uma terapia de grupo, ajudou nosso projeto a ser mais forte, a crescer. O projeto é gratuito. É como a gente fala: tem muito comprometimento. Estamos esperando inaugurar outra piscina para ampliarmos”.

Marivaldo, tem 50 anos e está há mais de dez anos envolvido no projeto e conta que a interação entre os participantes ajuda no processo de recuperação.

“Estou há mais de dez anos no projeto e para mim é importante pela reabilitação física e alivia muito as dores das pernas. Por conta da falta de circulação, minha pernas incham e a atividade física me ajuda muito. A questão da autoestima, a reunião do pessoal, a convivência com diversas pessoas com inúmeras deficiências, há uma interação entre todos e isso ajuda. Todos se ajudam”, diz.

Participantes relatam mudança na rotina e superação de dificuldades

Victor Ramos, de 32 anos, conta que sofreu um acidente de carro há dois anos e meio. Passou por vários tratamentos, incluindo a fisioterapia e conheceu o projeto do Sesi de Hidroginástica e reabilitação através de um amigo.

“Procurei saber como funciona e hoje estou aqui, o projeto é muito importante na minha recuperação. Posso dizer melhorou em 80% a minha recuperação. Aqui temos o apoio dos instrutores, dos outros companheiros que também estão passando por um tratamento. O projeto nos mostra que conseguimos superar as dificuldades”, ressalta o reabilitando.

Quem também não esconde a alegria de ter superado as dificuldades é o estudante Plínio Hugo, de 14 anos, que entrou no projeto ainda criança e hoje se tornou um atleta. Morador do Benedito Bentes, na parte alta da Capital, ele acompanhado dos pais vai a todos os treinos e tratamentos na Vila Olímpica Albano Franco – Sesi Cambona.

“A natação e a hidroginástica são fundamentais na minha vida. Ela me proporcionou algumas conquistas. Inclusive pessoais. Sinto-me um adolescente normal e feliz como qualquer outro. Aprendi a nadar e tomei gosto. Já participei de campeonatos, e estou prestes a representar Alagoas em São Paulo – data será definida ainda”, conta o adolescente.

Os pais de Plínio acrescenta que o projeto mudou completamente a rotina do garoto. “A deficiência dele é de nascença, uma má formação. Ele passou por alguns tratamentos, incluindo fisioterapia. Agora ele está aqui na hidroginástica e faz a natação. Que percebo que o deixa muito feliz. Eu o acompanho nos dias que ele vem. O desenvolvimento dele é fantástico, graças a Deus”, comenta a dona de casa Quitéria Santos.

O pai do adolescente Paulo Anderson Lins da Rocha, promotor de vendas acrescenta que o projeto além de melhorar a saúde do adolescente ainda lhe rende uma melhora nos estudos e na interação com outros colegas. “O projeto não só transformou Plínio em um atleta da natação, mas o ajudou na interação com os colegas, nos estudos e em seu cotidiano”.

A aposentada Maria de Fátima Ferreira também vê o projeto como uma “salvação”. “Estou há cerca de 3 anos na reabilitação. Estou me sentindo muito melhor. Essa piscina foi uma benção de Deus. Eu conheci o projeto através de algumas pessoas que comentaram sobre o tratamento. Então eu busquei. Vim até aqui e procurei saber. Conheci o professo Pablo e ele disse o que era para trazer, os documentos necessários. Então, como tenho mobilidade reduzida comecei a hidroginástica  e estou me sentindo muito melhor, agora conseguido subir e descer escada”, comemora.

Dona Ieda Maria disse que sua independência só é possível por conta do projeto. “Eu sofri um acidente e faturei a ‘bacia’, tive que passar muito tempo na fisioterapia. E também foi recomendado a hidroginástica. Soube que aqui, era gratuito. Procurei o espaço, conheci os professores e aqui estou. Me sinto muito melhor, independente, e, raramente sinto dores”, ressalta.

Já Mônica, de 52 anos, está no projeto faz apenas dois meses e conta que a diferença é enorme. “Eu tive um derrame no joelho direito que acabou com sequelas. O projeto está sendo muito importante. Uma amiga minha conseguiu me colocar aqui. E confesso para vocês que está sendo essencial. Só estou há dois meses, mas consigo ver a diferença. O Pablo é muito competente. Eu não vou abrir mão deste lugar. Mudou totalmente a minha saúde para melhor”.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimente e Lucas França