Devido às rachaduras que afetaram os bairros do  Bebedouro, Mutange e Pinheiro, os comerciantes destes bairros enfrentam diariamente um problema que eles avaliam como uma consequência: o baixo movimento no comércio local. Por causa do comércio do movimento “fraco”, segundo o presidente da Associação dos Empreendedores do bairro do Pinheiro, Alexandre Sampaio, as demissões estão cada vez mais constantes.

Segundo Alexandre, o baixo fluxo de clientes no bairro tem feito com que comerciantes de pequeno, médio e até mesmo de grande porte realizem quase todas as semanas demissões. “As demissões são feitas para que possamos nos adequarmos a baixa demanda que todos estamos enfrentando no faturamento”.

Conforme uma pesquisa da Fecomércio, 95% dos comerciantes da região sofreram redução na receita.

Ainda segundo a pesquisa, comparando dezembro de 2018, em relação ao mesmo período de 2017, e janeiro de 2019 ante o mesmo período do ano anterior, para 39,3% dos empresários a queda da receita ficou entre 16% a 31% e para 21,4% dos empresários a redução já supera mais de 64%. Já 4,3% dos empresários sinalizaram não ter ocorrido perdas.

A análise aponta ainda que 62% dos imóveis no bairro são alugados e 38% são próprios. A área de comércio e serviços do Pinheiro é distribuída pelos seguintes setores: cabeleireiro (20,5%); mercadinho/mercearia (11,1%); restaurante (7,7%); vestuário (6,8%); padaria/lanchonete (4,3%); oficina/lojas de peças (4,3%); comércio de bebidas (4,3%); farmácia/manipulação (3,4%), material de construção (1,7%), outros (35,9%). Outro dado preocupante é que 91% dos entrevistados que têm comércio no Pinheiro não possuem outra renda.

O presidente da associação dos empreendedores explicou que tem buscado junto aos órgãos municipais, estaduais e federais, uma possível redução de taxas e perdão de dívidas, para que a situação econômica do comércio na região possa melhorar. “Estamos buscando viabilizar um Projeto de Lei, junto a prefeitura e ao Governo para que possa haver a redução de impostos municipais estaduais. A busca é por reduzir estes impostos para que possamos pelo menos manter o nível e dar um alivio na carga que o comerciante tem levado ao longo dos últimos messes”.

Informações da Junta Comercial do Estado de Alagoas (Juceal) apontam que existem cerca de 2.700 empresas ativas no bairro, sendo 2.060 empresas microempresas, 360 Empresas de Pequeno Porte (EPP) e 248 não são identificadas em termos de porte empresarial.

Ainda de acordo com Alexandre, medidas urgentes por parte do poder público com intenção de reduzir os impactos são necessárias. “Se o governo estadual quiser manter a arrecadação de IMCS e o governo municipal quiser manter a arrecadação do ISS é preciso nesse momento chegar junto, fazer uma força tarefa para criar uma linha de crédito e redução tributária para que os comerciantes venham ter maior segurança, do contrário o número de desempregados só deve aumentar”, finalizou.

Demitiu quase a metade do quadro dos funcionários

O empresário Gilberto Martins, dono de um supermercado no bairro do Pinheiro, afirmou que de 40 funcionários, atualmente só existem 22 e lamentou a falta de celeridade do poder público para com os comerciantes e empresários do bairro. “É lamentável, os comerciantes se esforçam para manter impostos pagos, documentação regularizada e autorizações vigentes, porém no momento em que a gente precisa do poder público a assistência que deveríamos receber não é dada”, afirmou.

Ainda conforme o empresário Gilberto Martins, desde o mês de janeiro que as finanças de sua empresa têm trabalhado no vermelho. “A situação está difícil em todos os aspectos, já cheguei a perder bastante mercadoria por conta da ausência no fluxo de vendas. Alguns fornecedores aceitam devoluções ou troca, já outros infelizmente não aceitam e os comerciantes é que tem que segurar o prejuízo”.

Em meio a informações desencontradas, falta de celeridade do poder público e ausência de informações oficiais sobre o que tem levado o afundamento do solo do bairro do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, o empresário se mostra otimista e com esperanças de dias melhores. “Mesmo em meio as dificuldades eu acredito que um dia o bairro vai voltar a ser como era antes, acredito que após o laudo aos poucos tudo irá voltar a ser como era antes”, finalizou.

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