O Ministério da Saúde ofertou esta semana 45 vagas do programa Mais Médicos em 32 municípios alagoanos considerados de vulnerabilidade social. Este já é o 18º ciclo de oferta de vagas remanescentes em todo o país. No entanto, o programa que prevê a assistência à população não tem cumprido sua finalidade. É o que aponta o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems), que afirma que a rotatividade de vagas vem prejudicando o atendimento à população.

“Para a população interessa que tenha o profissional para atender a comunidade, ao passo que você não garante a oferta de médicos para essa localidade, quem é penalizada é a população que fica novamente desassistida”, aponta a secretária do Cosems, Silvana Medeiros.

De acordo com a secretária do Cosems, o problema envolve a permanência dos profissionais nos locais.

“Os médicos aderem, como aderiram no começo do ano. Só que é época também que eles se inscrevem nas residências. Quando eles passam nessas vagas, eles deixam o programa para ser residentes. E as vagas voltam a ser apresentadas pelos municípios. A gente tem essa rotatividade, onde o profissional entra no programa, mas vai embora. Isso é uma coisa que se perpetua, por que isso já se repetia antes, por isso começou-se a buscar médicos com formação no exterior, para suprir essas vagas. A presença de médicos estrangeiros supria carências, tanto é que até hoje ainda temos vagas a serem preenchidas em todo o país, que eram os cubanos, na grande maioria”, pontua.

A situação é conhecida, segundo a entidade, já que o programa foi criado com o objetivo de dar suporte em áreas preteridas.

“Por isso que a participação em nível de Brasil foi de buscar formados no exterior, para suprir essa carência, porque já se havia identificado que era difícil profissionais para essas áreas. Na maioria das vezes o médico formado só fica até conseguir uma residência, e quando sai da residência, já é especialista, aí não volta mais, já vai para a área de atuação dele. Nós não tínhamos médicos suficientes para ocupar essas vagas, então a nível nacional, foram buscar essa alternativa de médicos estrangeiros, formados no exterior, que voltam, fazem prova de residência… Isso realmente é uma rotatividade nessas vagas, que a gente espera que se resolva a médio prazo.  Foram formadas turmas nos últimos anos [cursos de Medicina] então esperamos que com a formação desses médicos isso seja resolvido. A gente espera mais médicos sendo formados para ocupar essas vagas”, comenta Medeiros.

“É uma coisa ruim, mas não podemos interferir”, diz Cremal

De acordo com o Ministério da Saúde, este ciclo de vagas prioriza áreas de maior vulnerabilidade. Em todo o país, são ofertadas 2.212 vagas em 1.185 municípios e 13 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs)

“O Ministério da Saúde vem mantendo a renovação dos profissionais no programa Mais Médicos apenas em cidades mais vulneráveis, em geral pequenas, além dos distritos sanitários indígenas. Neste momento, está em andamento um edital priorizando o atendimento para esses municípios com maior vulnerabilidade social”, informou.

As inscrições ocorreram até a última quarta-feira (29), o Ministério não informou se irá prorrogar o prazo. A expectativa é de que os profissionais comecem a atuar no próximo mês

“A previsão é que os médicos comecem a atuar em junho nas unidades de saúde. A publicação do resultado com o número final de vagas destinadas aos municípios que receberão os profissionais será publicada no dia 4 de junho”, afirmou o Ministério.

O Conselho Regional de Medicina em Alagoas (Cremal) reconheceu a situação das desistências. De acordo com o presidente da entidade, Fernando Pedrosa, diversos fatores influenciam para a rotatividade, no entanto, afirma que a o Cremal não pode interferir.

“Existem desistências no transcurso, por questão da própria residência, por não se adaptarem ao local de trabalho. Então alguns terminam desistindo. Hoje as vagas estão cada vez mais distantes da capital. Alguns se inscrevem, são selecionados, e terminam dexistindo. Acho é ruim, isso é uma coisa ruim, mas não podemos interferir nessa questão de foro íntimo”, pontua o médico.

Fonte: Tribuna Independente