Uma pesquisa de cientistas da Universidade Rochester, nos Estados Unidos, está próxima de desvendar algo que pode revolucionar o tratamento de doenças no envelhecimento e prolongar ainda mais a vida dos seres humanos: o gene da juventude.

É verdade que a descoberta ainda não pode ser aplicada em humanos. Mas o objetivo é que seja. Evidências detectadas em pesquisas com roedores mostram que o gene sirtuin 6 (SIRT6), na composição do DNA, tem grande influência no prolongamento da vida, dependendo de sua potência.

Segundo Mayana Zatz, geneticista do CEGH-CEL (Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco), da USP (Universidade de São Paulo), ainda não é possível saber quando a pesquisa poderá se transformar em tratamento para humanos, segundo afirmou ao R7.

“É impossível prever quando, mas há muitas pessoas interessadas em possibilitar que isso seja utilizado pelos seres humanos. O que a pesquisa mostrou é que, quando o gene SIRT 6 é retirado dos camundongos, eles morrem antes.”

Ela destacou que a ideia no futuro não é implementar essas descobertas para alterar diretamente o DNA de algum paciente, mas sim utilizar tal gene em plantas, alimentos ou até medicamentos.

A própria Lei da Seleção Natural (criada por Charles Darwin no século 19), acrescida da genética, conhecida como Neo-darwinismo, poderá assimilar os benefícios naturais do SIRT6 e possibilitar uma longevidade ainda maior para os seres humanos.

“Os humanos já estão vivendo mais agora, com maiores cuidados e desenvolvimento científico. Em relação ao gene SIRT6, este também pode estar mais presente em sua forma potente e ser um dos fatores que ajudarão a aumentar a duração de vida das pessoas.”

Na pesquisa, foram utilizados roedores com expectativas de vida diferentes, entre 16 espécies. Naquelas cuja expectativa de vida é maior, no caso de castores e toupeiras, que vivem em média 32 anos, o SIRT6 é mais potente.

E nos camundongos, cuja média de vida é em torno de 2 a 4 anos, em que os genes foram deletados, eles contraíram uma doença de envelhecimento acelerado, chamada Progeria severa e tiveram sobrevida de apenas 2 a 3 meses.

No complemento da pesquisa, os cientistas inseriram o SIRT6 mais forte, extraído dos castores e toupeiras, em células humanas em cultura. Notaram uma redução do chamado estresse oxidativo nas células em que foram introduzidas o gene.

Estresse oxidativo é um fenômeno natural nos seres humanos, ligado à absorção de oxigênio do ar, que provoca quebras e rearranjos do DNA humano, em função do envelhecimento, o que pode aumentar as mutações e doenças relacionadas à idade.

“Os cientistas acreditam que um mecanismo eficiente de reparo de DNA pode ter papel fundamental no retardo do envelhecimento e já se suspeitava que este gene SIRT6 exercia alguma influência nisso. A pesquisa buscou comprovar esta hipótese”, afirma a cientista da USP.

Mayana, porém, ressalta que ainda não podem ser definidas quais doenças serão evitadas ou retardadas com a descoberta.

“Há muitos fatores e variantes, trata-se de algo muito complexo. Não é só um fator que está ligado a determinada doença. É necessária a combinação de várias circustâncias.”

Conforme ela disse à Rádio USP, no entanto, foi dado um passo importante no sentido de alcançar a maior ambição do ser humano: alcançar a juventude eterna.

“Desde que o ser humano existe, procura a juventude eterna. Não acredito em apenas um gene para explicar a longevidade saudável. Mas, quanto mais compreendermos os mecanismos envolvidos, melhor poderá ser nossa atuação para aumentar a expectativa de vida com qualidade.”

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