O Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT-AL) vai investigar, ao menos, dez denúncias de assédio moral contra servidores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Uma audiência foi realizada na sede do órgão, nessa quinta-feira (6), e reuniu representantes dos trabalhadores.

As denúncias foram feitas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Alagoas (Sintufal).

Durante a reunião, os representantes apresentaram a situação dos servidores e chamaram a atenção para as consequências que o assédio traz para a vida dos trabalhadores.

“Nós temos um grande número de afastamento de servidores que tem a ver também com essa demanda. Claro, que tem outras questões também, como as dificuldades que a gente encontra no dia a dia, mas o assédio está presente e é perene no trabalho do servidor”, afirma Moyses Ferreira, coordenador regional do Sintufal.

A professora Suzan Cordeiro passa pelo problema há 10 anos. Ela conta que, somente após fazer terapia, sentiu-se capaz de denunciar os abusos.

“Tinham ocorrências de misoginia, várias vezes foram divulgadas revisões dos meus trabalhos e dito para todos os meus colegas, meus alunos, que eu era incompetente. Brincadeiras do tipo ‘ah, em cima do salto alto tem vida inteligente’, isso para mim é chocante. Foram dez anos muito difíceis e eu acabei adoecendo, tenho hoje uma doença autoimune, fibromialgia, que foi em decorrência de estresse. Passei seis meses fazendo terapia para eu poder me conscientizar de que poderia fazer a denúncia com tranquilidade”, conta.

De acordo com a assessora do gabinete da reitoria da Ufal, o número de denúncias desse tipo de caso ainda é pequeno. Ela afirma que é importante denunciar para que o abuso seja apurado.

“A partir dessa denúncia foi-se tomando conhecimento de mais alguns casos. Os canais de denúncias têm números ainda pequenos e é importante que as pessoas conheçam e façam as denúncias para que a apuração possa acontecer, porque esse momento inicial é importante para que a instituição possa agir”, explica Fabiana Rechembach.

O procurador do trabalho Cássio Araújo aponta que ter provas que provem o assédio é necessário para que a investigação possa ter embasamento.

“Nosso principal papel é fazer com que a instituição, no caso aqui a Ufal, adote medidas e políticas no sentido de prevenir e, em caso de aparecimento, combater práticas de assédio moral. As denúncias podem ser apresentadas via internet. O que é importante é que as pessoas procurem objetivar os fatos e apontar as provas que possam colaborar na investigação dos fatos que ela aponta como irregularidades”.

Por Tatianne Brandão | com TV Gazeta