A ruptura política do PDT com o Governo do Estado, na semana passada, ainda ecoa nas fileiras do partido, em âmbito nacional. Para o presidente da legenda, Carlos Lupi, o governador Renan Filho (MDB) cerceou e impediu que a gestão do ex-secretário Ronaldo Lessa pudesse brotar na pasta da Agricultura.

“Eu não sei se ele foi uma semente que não brotou ou se tinham medo que ela brotasse. O Ronaldo tem uma capacidade de gestão grande e é respeitado até por quem não gosta dele, e aí eles [o governo estadual] o cercearam. Seguraram para ele não fazer uma boa gestão. Não lhe deram espaço nem o prestígio que ele merece”, disse Lupi.

Mesmo à distância, Lupi disse que cada passo dado em Alagoas foi previamente discutido com ele, bem como a decisão de romper com o governo de Renan Filho. “Nós julgávamos que sua entrada no governo era importante, mas não pensaram assim, tanto é que não lhe deram prestígio, não liberou recursos para os investimentos necessários, e para gente espaço é oportunidade de fazer política pública. Por isso que, quando soube do que ocorria, o apoiamos de imediato. A gente é pobre, mas é metido à besta. Só ficamos onde somos bem quistos”, revelou Lupi.

Ao lado de Lupi, Ronaldo Lessa lembrou que os argumentos para justificar a falta de investimentos na pasta não o convenceram. Entre as questões mais graves estava o fato de não ter recursos nem para comprar sementes para distribuir para os agricultores antes da chegada do inverno.

Carlos Lupi disse que Renan Filho não deu condições de trabalho a Lessa
FOTO: Ailton Cruz

A prova de que a ruptura é definitiva foi dada pelo próprio Ronaldo ao lembrar que o governo já tirou quadros do partido que estavam em outras áreas. Um exemplo foi na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, onde Ricardo Lessa acabou exonerado na última semana.

“O que eu não quis e não vou fazer é radicalizar. Não vou porque não vale à pena. Ele [Renan Filho] disse que não me perseguiu, mas sim usou uma medida isonômica com outras secretarias. Mas veja, o que foi repassado para mim como custeio era menos que o meu quando fui governador há 13 anos”, lembrou Lessa.

Prefeitura

Após ser aclamado como presidente do PDT em Alagoas nesse sábado (6), Ronaldo Lessa confirmou que colocou o seu nome à disposição do partido para a disputa municipal em 2020.

“Coloquei o meu nome, mas contamos com outros quadros como Judson Cabral (ex-vereador, ex-secretário e ex-deputado), assim como Kátia Born (ex-vereadora e ex-prefeita) e também o Corintho Campelo, que já foi prefeito”, dividiu Ronaldo ao falar da sucessão.

As articulações, porém, terão início a partir do seu comando à frente do PDT. A missão, além de incluir negociações e conversas na capital envolve também a reestruturação do partido no interior.

Lessa não escondeu que ficou chateado com a cooptação de alguns prefeitos para o MDB feita pelo governador Renan Filho. Em sua avaliação, não foi uma atitude ética. “Mas essa é a visão de alguém que tem formação na esquerda e que acredita sempre que conquistamos às coisas no convencimento e não usando o poder que tem. Fui governador por duas vezes e nunca agi assim”, disse Ronaldo.

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