O crescimento da quantidade de animais, principalmente cães e gatos, pelas ruas das cidades tem se tornado um problema em diversas localidades do Estado. Arapiraca faz parte desse contexto e, na tarde desta quinta-feira (18), um cachorro foi recolhido pelo departamento de zoonoses do município, sob suspeita de estar contaminado por Leishmaniose Visceral Canina (LVC), doença popularmente conhecida como calazar e que pode contaminar humanos e levar à morte.

O fato aconteceu em um condomínio popular na região da Baixa da Onça, limite entre as zonas rural e urbana de Arapiraca. Segundo Liane Souza, moradora do local e que chamou o departamento da prefeitura, o cachorro apresentava sintomas como unhas crescidas, corrimentos pelas narinas e várias feridas pelo corpo, o que, a princípio, foi avaliado pelos técnicos como leishmaniose visceral. O animal teria fugido do local e circulado pela comunidade Baixa da Onça, onde já foram registrados casos da doença em outros cachorros.

Os técnicos do Departamento de Zoonoses recolheram o animal e olevaram o animal para exame e os cuidados necessários, para assim confirmar ou não a contaminação.

Desde de 2017 que o Estado enfrenta epidemia da doença, o que também já motivou a Secretaria Estadual de Saúde a recomendar o sacrifício de aproximadamente mil cães e gatos infectados. Sete pessoas haviam morrido no Estado naquele ano em decorrência da doença, após terem sido contaminadas pelos animais.

A situação permanece com gravidade, que motivou o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) de Alagoas a emitir nota técnica com alerta sobre o problema e orientação aos profissionais da área. A entidade considera que o combate ao problema continua negligenciado em Alagoas.

“Em resposta aos questionamentos feitos ao CRMV/AL, no que se refere à atual situação da Leishmaniose Visceral – LV em todo o estado de Alagoas – refletido no crescimento do número de casos confirmados da doença em humanos e animais apontados por Informe Técnico da Superintendência de Vigilância em Saúde (SUVISA) da Secretaria de Estado da Saúde (SESAU) – a Comissão Regional de Saúde Pública Veterinária (CRSPV) manifesta o posicionamento do Regional alagoano acerca do assunto por meio de nota técnica.

A nota técnica, lançada no início deste ano, traz orientações e recomendações aos médicos-veterinários com relação aos procedimentos a serem adotados. No documento, o conselho ressalta ainda “a importância da prevenção desta importante zoonose de impacto à saúde pública, mas que é uma doença negligenciada”.

“Neste cenário de grande incidência da doença no Estado, a Comissão evidencia não só a necessidade de medidas preventivas, mas também da participação de todos na prevenção e controle da Leishmaniose Visceral em Alagoas”, alertou o CRMV-AL.

Ao ser questionado sobre o problema, o diretor do Centro de Controle Zoonoses de Arapiraca, Manoel Cardoso, assegurou que a administração municipal está ciente do problema e que “vem tentando, junto à sociedade, buscar uma forma de resolver ou minimizar este problema, que também é de saúde pública”. Ele reconheceu que atuação do órgão é limitada e pediu que os criadores de animais tenham consciência e cuidem, ao invés de jogarem cachorros e gatos pelas ruas. “Tenham mais responsabilidades”, solicitou.

Pelas ruas da cidade, facilmente se podem encontrar grupos de cachorros circulando livremente e sobrevivendo se alimentando do lixo ou com ajuda de pessoas que colocam comida e água aos animais.

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