O uso de antibióticos em forma de pílulas ou cápsulas estaria relacionado a um maior risco de incidência de câncer de cólon, mas reduz as chances de tumores no reto, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (20) pela revista médica inglesa Gut.

Os resultados da pesquisa sugerem que existe um padrão de risco que se associa com diferenças na atividade da microbiota intestinal – antigamente chamada de “flora intestinal”. Por isso, os responsáveis pelo estudo destacam a importância de que a prescrição desse tipo de medicamento seja feita de forma criteriosa.

A publicação afirma que os antibióticos têm um impacto forte e durável na microbiota intestinal e alteram o equilíbrio de bactérias úteis e prejudiciais. Apenas em 2010, no mundo todo, foram consumidos aproximadamente 70 bilhões de doses do medicamento, o que equivale a dez doses por pessoa.

O objetivo foi averiguar se isso poderia potencializar o risco de câncer de cólon e reto. Para isso, os pesquisadores se basearam nos registros médicos de anônimos de mais ou menos 11,3 milhões de pessoas, aproximadamente 7% da população do Reino Unido.

Os cientistas concluíram que foram receitados antibióticos a 70% (20.278) dos pacientes com câncer intestinal e retal e a 68,5% (93.862) entre as pessoas que não tinham câncer. Para quase seis em cada dez participantes da pesquisa foi prescrito mais de um tipo de antibiótico.

A associação entre o câncer de cólon e o uso de antibióticos foi evidente entre os pacientes que tinham tomado esses remédios por um período superior a dez anos antes que a doença fosse diagnosticada.

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Após de terem sido levaods em conta fatores potencialmente influentes como excesso de peso, tabagismo e consumo de álcool, o uso cumulativo de antibióticos por um período de pelo menos 16 dias foi associado a um risco elevado de câncer de cólon.

Por outro lado, para casos de câncer retal, o uso de antibióticos excedendo 60 dias foi associado com um risco 15% menor comparado ao não uso.

Os pesquisadores destacaram que o estudo foi observacional e, como tal, não pode estabelecer a causa do desenvolvimento da doença nem os fatores de estilo de vida potencialmente influentes. No entanto, os resultados sugerem que existe uma variação significativa no tamanho e no padrão dos efeitos dos antibióticos ao longo do intestino, por isso recomendaram um uso criterioso dos medicamentos.

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