A curva das emoções modela o processo a partir do momento em que uma pessoa começa a sentir uma emoção até que ela desapareça. Considerando a sua evolução, neste artigo levantamos as três ações que não devem ser realizadas no momento de maior intensidade emocional.

Para explicar o que é a curva das emoções, primeiro devemos definir o que é uma emoção. Muitos definem uma emoção como um estado subjetivo com uma imensa e intensa carga emocional.

Embora seja bastante complicado explicar o que são as emoções, todos nós podemos descrever esses estados subjetivos de forma clara. Eles podem ser descritos, por exemplo, lembrando de alguma situação em que sentimos raiva ou felicidade.

Muitas dessas emoções, desde a tristeza até o medo, têm um desenvolvimento muito semelhante. Tudo isso é definido como a curva das emoções.
Para que serve uma emoção?

Segundo pesquisadores como Martínez-Sánchez e colaboradores (2011), a supressão ou não expressão de eventos emocionais muito significativos para a pessoa (por exemplo, lamentar a perda de um ente querido, expressar afeto…) pode causar uma hiperativação fisiológica acentuada, imunodepressão e efeitos bastante contraindicados para a saúde física e mental a médio e longo prazo.

Sendo assim, por que as emoções são tão relevantes, e a sua expressão é ainda mais importante? Esses mesmos autores apontam para a existência de funções intrapessoais — mais relacionadas à homeostase e à sobrevivência — e extrapessoais — que se relacionam a um papel mais social.
Mulher enfrentando dificuldades

Fatores intrapessoais da emoção

Coordenam os diferentes sistemas de resposta cognitiva, fisiológica e comportamental em uma mesma direção.
Ativam comportamentos que podem ser inibidos quando a emoção não está presente: por exemplo, uma pessoa que não pratica esportes pode decidir correr ao sentir medo ou uma pessoa que se define como não violenta pode defender alguém com problemas quando sente raiva.
Preparam o corpo para comportamentos de luta ou fuga: as emoções, naturalmente, desempenham um papel muito importante em nossa sobrevivência. Sentir medo nada mais é do que o prelúdio de um comportamento de fuga ou de luta diante desse estímulo que interpretamos como uma ameaça. Sem ter esse marcador de medo, o corpo não se prepararia para enfrentar ou fugir.

Por exemplo, quando uma resposta de alarme por um estímulo perigoso é emitida, ou seja, quando sentimos medo, ocorre a ativação do sistema hipotálamo-hipófise-adrenal, que por sua vez ativa as glândulas suprarrenais para que emitam glicocorticoides.

Adrenalina e opiáceos endógenos são emitidos caso o corpo tenha sido atacado, para diminuir a dor. Por outro lado, a atividade de sistemas não necessários para a fuga nesse momento, como o sistema digestivo, é reduzida.

Portanto, graças ao medo, o indivíduo em perigo aumenta sua frequência cardíaca, contrai o baço para a saída de glóbulos vermelhos no caso de haver alguma lesão, dilata as pupilas, etc.

Favorecem o processamento rápido de informação: a avaliação das características dos estímulos adjacentes torna-se rápida, o que permite ao indivíduo decidir rapidamente as melhores ações para se adaptar às demandas daquele ambiente que desperta a emoção.

Fatores extrapessoais da emoção

Em relação às funções extrapessoais das emoções, descobrimos que elas nos permitem comunicar intenções aos outros, compartilhar com os outros como nos sentimos e controlar a expressão fácil, os gestos e a voz para influir também no comportamento dos outros.

Como escreveu Aristóteles, o homem é um zoon politikon, e as emoções também desempenham um papel socializador. Por exemplo, e em relação ao acima mencionado, respostas específicas podem ser procuradas em indivíduos através de certas emoções.

Por isso, há pessoas que, para receber apoio, usam a tristeza, outras que fazem uso do afeto ou da felicidade para conseguir algo, e assim poderíamos continuar com essa parte mais instrumental das emoções.
A curva das emoções

É difícil manter a intensidade máxima de uma emoção por um longo período de tempo. O funcionamento normal de uma emoção é uma escalada em que as sensações vão se tornando cada vez mais fortes.

Pode-se alcançar um ponto máximo, um teto no qual a emoção não será capaz de ser mais intensa. A partir daí, a magnitude geralmente diminui até retornar à linha base.

Isso, que parece algo meramente intuitivo, é um fato que muitas pessoas esquecem em seu dia a dia, e ainda mais em relação à saúde psíquica. Isso ocorre com as emoções e também com as construções psíquicas, como os ataques de ansiedade ou de pânico.

Portanto, nenhum dos anteriores costuma durar mais de dez minutos.

Apesar de conhecer a intensidade emocional que acompanha o medo, a raiva ou a tristeza ou talvez justamente a causa dessa veemência, os pacientes que comparecem à sessão geralmente realizam ações muito importantes no ponto alto da curva das emoções. Isso pode se tornar contraproducente.
A gestão das emoções em terapia

Em um primeiro momento, quando a terapia ainda não está tão avançada para que a pessoa saiba como administrar suas reações, é útil tratar a curva das emoções.

O objetivo disso não é o controle, mas evitar o máximo de consequências negativas que uma emoção intensa mal gerida pode acarretar.

Portanto, em pacientes com depressão, ansiedade, que estão sofrendo por uma perda, em terapia de casais etc., é muito útil realizar uma psicoeducação detalhada sobre o funcionamento das emoções nas primeiras sessões.

Além disso, deve-se incidir sobre o que não pode ser feito quando se está no ponto máximo dessa emoção. O curso da terapia permitirá que a pessoa não sinta essas emoções de forma tão intensa e exacerbada.

Três coisas que não devem ser feitas no pico da curva das emoções

É importante, portanto, explicar quais são as três ações que não devem ser realizadas quando se está no ponto máximo de uma emoção. Isso é recomendado porque, em um momento de tanta intensidade emocional, é difícil que essas ações sejam realizadas a partir de um ponto de vista racional.

Essas ações são as seguintes:

Tomar decisões: usando o exemplo de uma mulher com depressão aguda, é importante fazê-la perceber que, em seus momentos de maior desconforto, é muito perigoso tomar qualquer tipo de decisão. As decisões tomadas sempre andarão de mãos dadas com a tristeza profunda ou o desespero sentidos no momento. Desta forma, também serão evitadas decisões como o suicídio ou a autoagressão.

Tentar resolver o problema: se a emoção intensa foi causada por um evento específico, não é aconselhável tentar remediar essa situação sentindo uma emoção tão intensa. Nesse momento, não contamos com todas as ferramentas que costumam ser necessárias para resolver um problema. Além disso, o desespero desse momento pode levar o indivíduo a tomar decisões equivocadas novamente a fim de resolver o conflito. O melhor é deixá-lo para quando perceber que a emoção está se acalmando.
Pensar: a emoção pode trazer consigo uma série de pensamentos catastróficos, irracionais e inúteis para o momento que o indivíduo está passando. Além disso, alguns desses pensamentos podem fazer com que novas emoções aflorem com a mesma intensidade das anteriores. Pensar pode levar a agir de forma irracional.

É importante que, além de listar as ações que não possam ser realizadas no ponto máximo de uma emoção, o terapeuta recomende outras que possam.

Isso significa explicitar ações concretas que podem ser substitutivas dessas que envolvam o desejo de pensar, de resolver o problema ou de tomar decisões. Pode ser útil escrever uma lista com essas alternativas para que o indivíduo as tenha em mente nos momentos de maior intensidade emocional.

Na verdade, não há emoções desadaptativas, mas em alguns casos, pode haver emoções topograficamente desadaptativas.

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