Em alusão ao setembro amarelo, mês em que várias ações contra o suicídio são colocadas em práticas, os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), em Maceió, podem contar com o acolhimento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e nas unidades de saúde que contam com psicólogos e psiquiatras. Caracterizado por ser portas abertas, isto é, um serviço que não precisa agendamento, basta que o paciente compareça dentro do horário de funcionamento destas unidades.

De acordo com Izolda Dias, gerente de Atenção Psicossocial, os serviços da SMS estão prontos para receber as demandas e ofertar o tratamento necessário para o paciente. O serviço ainda conta com acolhimento, manejo, avaliação e tratamento é 100% gratuito.

“As nossas equipes dos Caps são sensíveis aos casos de suicídio. Tendo em vista a gravidade, estamos, cada vez mais, buscando a qualificação, para receber a demanda de forma organizada e efetiva. Também fortalecemos todo esse trabalho, porque sabemos como é delicado”, destaca.

Os serviços possuem equipes multidisciplinares formadas por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, educadores físicos, técnicos de enfermagem, terapeutas ocupacionais e agentes sociais.

“De segunda a sexta, por turno, um profissional é escalado para fazer o acolhimento. Se o profissional perceber que é caso pra o Caps, são preenchidas algumas fichas e vai se discutir quantos dias a pessoa virá por semana e turnos”, explica Klaudiane Passos, psicóloga do Caps Noraci Pedrosa, localizado no Jacintinho.

“Se o profissional percebe que a pessoa não precisa fazer o acompanhamento no Caps, fazemos o encaminhamento e, muitas vezes, entramos em contato com a unidade e procuramos saber a disponibilidade, em um local mais próximo da sua residência, nos casos ambulatoriais”, completa a psicóloga.

Olhar atento e de cuidado ao outro

Suzana Cunha, psicóloga da Gerência de Atenção Psicossocial da SMS, relata que o fenômeno do suicídio pode envolver diversos fatores, incluindo a ligação a ou a falta – da pessoa com outros integrantes de seu círculo social.

“É uma situação tão complexa e crescente que a gente precisa, na verdade, da ajuda da sociedade como um todo, porque todo mundo deve ter um olhar para a pessoa que está próxima, seja amigo, parente ou colega de trabalho. É preciso verificar alguma mudança de comportamento, um entristecimento diferente do habitual, para que a gente possa chegar junto, porque muito do adoecimento mental está ligado à falta de vínculos”, frisa.

Ainda segundo a psicóloga, é importante ter um olhar atento à pessoa que está ao lado, visando oferecer apoio ou direcionar a um serviço quando for necessário. “Quando a gente mostra que se importa, isso faz a diferença para aquele usuário que está em sofrimento psíquico. Então, desde esse momento em que, mesmo que pessoas que não são profissionais da área da saúde, conseguem ter esse olhar de cuidado, já está iniciado esse tratamento, só que de maneira não formal”.

A partir deste primeiro momento, diz ela, é mais fácil conseguir orientar, incentivar e quebrar preconceitos, tanto para o paciente, quanto para o familiar. É importante que a pessoa procure os serviços de saúde, tenha acesso à rede e ao tratamento, com meio de prevenção ao suicídio.

E para acolher essa pessoa, é fundamental que não haja julgamento. “O sofrimento do outro não pode ser julgado por mim, porque cada um processa a sua história de vida, fatos que acontecem de forma muito individual”, pontua a Suzana.

“Então, um mesmo fato para uma pessoa, como, por exemplo, a perda de um ente querido, pode ser processado de maneira saudável, ou seja, um luto normal e regular. Já para outra pessoa, pode desestabilizar de uma forma que gere um transtorno depressivo e encaminhe para uma tentativa de suicídio”, finaliza a psicóloga.

Os Centros de Atenção Psicossocial estão abertos para fazer uma escuta qualificada e humanizada com os pacientes. Para menores de 18 anos, o atendimento é realizado no Capsi Luiz da Rocha Cerqueira, localizado na Serraria, das 8h às 18h. Para os adultos, tem o Caps Rostan Silvestre, na Jatiúca (8h às 22h); o Enfermeira Noraci Pedrosa, no Jacintinho (8h às 18h); o Dr. Sadi Feitosa de Carvalho, no Bebedouro (8h às 18h); e o Caps Álcool e Drogas Dr. Everaldo Moreira, no Farol (24h).

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