A capacidade de memorização costuma se perder com a idade. No entanto, este processo pode não ser irreversível, já que há indícios de que a memória perdida pode ser recuperada.

Algumas técnicas inovadoras, como a estimulação magnética transcraniana, parecem poder reverter a perda de memória que costuma acompanhar o envelhecimento.

Um estudo publicado por Robert MG Reinhart e John A. Nguyen demonstrou que esta técnica equipara a memória dos idosos à dos jovens. A seguir, falaremos mais sobre esta descoberta.

A piora da memória com a idade

Muitas pessoas se queixam de que enfrentam dificuldade para guardar nomes, datas ou aspectos cotidianos a partir de uma certa idade.

Um dos sintomas mais comuns é a perda da memória de trabalho ou memória operacional que usamos todos os dias. Este tipo de memória é utilizado para guardar números de telefone por alguns segundos, fazer cálculos, tomar decisões rápidas e gerenciar situações da vida diária.

Em definitivo, é aquela que nos permite armazenar e manipular a informação de forma temporária.

Com o passar dos anos esta capacidade se reduz, o que pode se tornar um inconveniente para desempenharmos bem as nossas funções do dia a dia.
Os neurônios perdem a sua sintonia

Por que perdemos esta capacidade de memorização mesmo sem ter uma doença neurodegenerativa? Ainda não se sabe qual é a resposta para esta pergunta.

Uma das observações publicadas recentemente concluiu que a sincronicidade dos neurônios ao serem estimulados é importante para manter a memória.

Os neurônios são células que respondem a estímulos e os transmitem a outros neurônios. No entanto, quando fazem isso de forma descompassada, seria o equivalente a uma orquestra sem sintonia. O resultado seria uma cacofonia.

Portanto, quando os neurônios perdem a sua sincronização, a memória começa a falhar.
Resgatar a memória perdida em apenas 25 minutos

Um estudo publicado na revista Nature usou a estimulação magnética transcraniana para estimular os neurônios e tentar recuperar a memória perdida. O estudo envolveu voluntários com idades entre 60 e 70 anos e outros 30 anos mais jovens.

Os participantes foram estimulados em várias regiões do cérebro relacionadas com a atividade da memória durante 25 minutos. Neste período, foi observada uma recuperação da sincronização entre os neurônios nestas regiões da memória.

Após a estimulação, surpreendentemente, as pessoas recuperavam a agilidade mental a níveis comparáveis com os dos voluntários mais jovens.

No entanto, esta incrível recuperação acabou 50 minutos após a estimulação. Passado esse tempo, as pessoas idosas voltavam aos seus níveis de memória de antes.
Um tratamento que traz esperanças

Embora a recuperação da memória tenha ocorrido apenas de forma momentânea, os cientistas comentam que este experimento demonstra que a perda da mesma não é um fenômeno irreversível.

A estimulação magnética transcraniana poderia ser um tratamento promissor para melhorar os sintomas da deterioração cognitiva de pessoas com Alzheimer sem a necessidade de medicamentos.
Homem com problemas de memória

Muito além da memória

Além de estimular os neurônios e melhorar a memória, este tratamento também pode ser aplicado para enfrentar outros problemas de saúde.

Ele está sendo utilizado, por exemplo, para corrigir a disfagia (dificuldade de engolir) como consequência de uma lesão. Neste caso, estimula-se a região do cerebelo para estimular a musculatura do esôfago e melhorar a capacidade de deglutição.

Certamente o número de maneiras de aplicar este tratamento vai aumentar à medida que a técnica for sendo aperfeiçoada. É possível que, em um futuro não muito distante, tenhamos estimuladores “portáteis” que possam ser utilizados de forma personalizada de acordo com as necessidades de cada um.

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