Médicos e cirurgiões alagoanos divulgaram nota em repúdio ao mutirão de cirurgias que está sendo realizado pela Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas (Sesau), desde a última quinta-feira (5) e segue até este domingo (8), no bairro do Benedito Bentes, parte alta de Maceió.

Segundo o Colegiado Brasileiro de Cirurgiões, que divulgou a nota, a ação do governo do estado está ofertando cirurgias “sem critérios seguros e sem transparência” em relação aos recursos envolvidos. Além disso, o colegiado alega também que a ação não remunera de forma digna o ato médico e não possui ética no trato de atendimento técnico com a equipe hospitalar.

No texto, o colegiado afirma que o ideal seria dar condições para que os procedimentos pudessem ser feitos de forma eletiva, na rede pública, com segurança e garantia de acompanhamento no pós-operatório, pelo cirurgião responsável.

O colegiado declara que os pacientes merecem conhecer e confiar na capacidade técnica do profissional que irá realizar a operação e diz que “o Estado precisa ser contemplado com o aumento de recursos para a média e alta complexidade, não com iniciativas imediatistas”.

O mutirão de cirurgias foi anunciado pela Sesau na sexta-feira (6) e está sendo realizado desde quinta-feira (5) no bairro Benedito Bentes. A ação foi prorrogada até domingo (8), devido a grande demanda identificada. No primeiro dia, voltado para cirurgias eletivas, foram agendados 142 procedimentos cirurgicos.

Confira a nota do Colégio Brasileiro de Cirurgiões na íntegra:

O Colégio Brasileiro de Cirurgiões vem a público registrar que é contra o mutirão de cirurgia, da forma como está sendo realizado, sem critérios seguros, sem transparência quanto ao uso dos recursos envolvidos, sem remunerar dignamente o ato médico, e desprovido de ética no trato com a equipe de atendimento dos hospitais.

Considerando-se que o próprio governo federal retém as filas de cirurgias, causa estranheza a iniciativa do mutirão. O ideal seria dar condição para os procedimentos serem feitos de forma eletiva, na rede pública, com segurança e garantia do acompanhamento pós-operatório pelo próprio cirurgião responsável.

Diante do imediatismo desses mutirões, há de se questionar o seguinte: Quem são os verdadeiros beneficiados com o programa? Quem recebe pela prestação do serviço? E quanto? O povo paga a conta, mas não tem noção do que está por traz desse tipo de iniciativa. Para o Colégio Brasileiro de Cirurgiões há muitos aspectos a serem esclarecidos, daí o repúdio. O Estado precisa ser contemplado com o aumento de recursos para a média e alta complexidade, não com iniciativas imediatistas. Os pacientes merecem conhecer, escolher e confiar na capacidade técnica do profissional com quem vai ser operado. Este, por sua vez, receber valor justo, e ter condição de acompanhar todo o processo pós-operatório, jamais deixando essa tarefa para terceiros. Enfim, o ato médico há de ser sempre ancorado no respeito a vida do paciente, bem como na ética profissional, critérios até agora obscuros nesse modelo de mutirão que vem sendo imposto.

CADA MINUTO