Depois de 19 anos, Abel Braga está de volta ao Vasco. Nesta quarta-feira, ele foi apresentado pelo presidente Alexandre Campello e inicia oficialmente sua terceira passagem como técnico. Em coletiva em São Januário, o comandante citou a identificação com o clube.

“Eu sei bem o que é essa camisa. Eu era reserva onde eu jogava quando cheguei nesse clube e, com seis meses, estava na Seleção. Depois de dois anos, fui para o PSG. A cultura que tenho de falar francês hoje, uma honra, foi o Vasco que me proporcionou. Quero ver chegar logo aos 200 mil sócios. Sei a filosofia do clube e o que o torcedor do Vasco gosta de ver: boa exibição, jogada bonita, ousadia, mas, acima de tudo, ele quer ver coragem. O que caracteriza o Vasco é o cara, para evitar um gol, cabecear até a trave, por exemplo”.

O acordo entre Abel e Vasco foi firmado na segunda-feira em reunião que durou cerca de quatro horas. O treinador explicou que o presidente Alexandre Campello foi quem mais falou durante o encontro, em que também foi esclarecida a situação financeira do clube.

“Campello falou mais. Senti um Vasco pacífico a nível político. Sou neto de português e tenho muitos amigos vascaínos. A torcida mostrou a cara e não é brincadeira o que eles fizeram. Não terá loucura aqui. Estou ganhando menos, mas estou com prazer”.
“Ele me disse: ‘Vou te pagar, mas não pense que vou te pagar em dia’. Ele me disse o que pensa do Vasco. Encerrar a carreira aqui será uma coisa boa. Dar seguimento ao ótimo trabalho do Luxa”.

Ao lado de Abel Braga, Campello foi perguntado sobre contratações de peso:
“Já trouxe o Abel que é uma grande contratação (risos). A ideia é trazer alguém (jogador) que faça a diferença, mas dentro das nossas possibilidades”.

Outras declarações de Abel Braga:

Contratações
Sem fugir da meta do presidente, do clube… O que eu posso tentar é fazer o melhor possível para que essa torcida continue apoiando e chegue a 200 mil sócios para a coisa ficar bonita.

Eu estou pedindo o Richard de volta. Me deu uma resposta muito boa no Fluminense. Vasco mudou depois que ele entrou na equipe. Vanderlei me ligou na época. Isso é tentar fazer um Vasco mais forte. Conversei duas horas com Vanderlei. Um amigo, vencedor.

Trabalhos em 2019
Não gostaria de falar do que ficou para trás. Posso falar que tenho 17 títulos. Fui campeão mundial e não é por ai. O trabalho no rival está sendo bem feito, mas está sendo terminado. Eu comecei. Com a Florida Cup, com o estadual, com a classificação na Copa do Brasil 75% garantida com a vitória em São Paulo. E classificado em primeiro no grupo da Libertadores, o que não acontecia há 11 anos, então não é bem por aí.

No Cruzeiro, eu fui o terceiro técnico, o que não faço, de pegar no meio. Mas peguei porque recebi ligações de atletas, e aquilo mexeu comigo. Fui tentar ajudar e não consegui. Como não conseguiu o Mano, o Ceni, eu, o Adilson, a direção… Todo mundo tem a responsabilidade.

Lembranças do Vasco
Sabe quando você pisa e respira coisa legal? Perdi um jogo aqui dentro para o Londrina, talvez como jogador tenha sido a derrota que mais me marcou. Não conseguia andar após o jogo de tanto que corremos. Nunca vi um estádio tão cheio e vi isso agora.

Futuro e papo com PC Gusmão sobre a base
Hoje o torcedor não tem dúvida do que o Vasco voltará a ser, mas isso tem um caminho. Teve um que fez uma cacetada de coisas e foi para outro lado. Conversei com o PC Gusmão (coordenar de futebol), e a base está chegando em todas as competições. Isso é muito importante. O torcedor precisa seguir abraçando.

Planejamento
Quero fazer melhor do que foi feito. Não adianta tentar esticar e querer sair do rumo. Tem jogadores que não poderão ficar. Foge do que está planejado. Isso é que traz credibilidade. Acho que vamos estar mais forte. Gosto muito do Vasco do meio para frente.

Técnicos estrangeiros e cor da cueca
Trouxeram metodologias diferentes e foram bem. Acho isso muito bom e não sou contra. Mas a maneira que se trata o estrangeiro também poderia tratar os brasileiros. O Osorio, quando esteve no São Paulo, se exaltava até as cores das canetas que ele usava para mandar mensagens aos jogadores. Peraí, vou começar a mostrar a cor da minha cueca para ver se os caras falam alguma coisa.

Talles Magno
Ele tem uma coisa que eu gosto. Quando coloco um garoto, sempre o deixo solto. Gosto do jogador moleque com a bola. Única responsabilidade é sem a bola. Esses jogadores vão no limite.

Por Globo Esporte | Portal Gazetaweb.com