Desde o fim de 2014 até outubro deste ano, mais de 24 mil alagoanos já cancelaram seus planos de saúde. O número de beneficiários no estado passou de 397.592 em 2014, para 373.207 em 2019. A tendência é observada em todo o país e reflete as condições econômicas da população, segundo o economista Cid Olival.

Para o especialista, crise e desemprego têm sido fatores preponderantes na “balança” que obriga a população a escolher entre o plano de saúde e a alimentação e transporte, por exemplo.

“A gente tem vivenciado uma situação econômica muito ruim e somado a isso o não aumento real do salário mínimo. Nos últimos anos tem havido redução do poder de compra da população. Por isso a meu ver temos tido uma redução nos planos de saúde, não só em Alagoas, mas em todo o país. Os índices de desemprego são extremamente elevados, 12 a 13% e isso tem um impacto muito grande em toda a sociedade”, avalia o economista.

Outro aspecto que chama a atenção é que apenas 11% da população alagoana tem plano de saúde. A maior parte desses planos é coletivo, isto é, envolvem empresas ou grupos de adesão. Os chamados planos individuais que até algum tempo atrás representavam a maioria dos planos, não chega a 127 mil beneficiários no estado.

Segundo Cid Olival, o cenário econômico nacional com medidas de arrocho e retirada de direitos tem contribuído de maneira negativa para a renda e poder de compra da população.

“A queda no número de planos de saúde está diretamente relacionada a situação econômica geral do país e no caso de Alagoas, especificamente, nos últimos três anos por exemplo, desde o golpe de 2016, e mesmo um pouco antes, a gente tinha uma taxa de desenvolvimento da economia muito baixa. Se a gente pensar no último ano do governo Dilma a gente tinha uma taxa de desemprego em torno de 5% a 7%. Pós esse período, tivemos uma expansão do desemprego e aumento do emprego informal e isso impacta diretamente na aquisição ou manutenção e planos de saúde”, diz.

Entre dezembro do ano passado e outubro deste ano a queda ultrapassou a marca de 4 mil usuários.

“Os resultados ruins da atividade econômica durante o governo Temer e agora no governo Bolsonaro fazem com que a população priorize seus gastos. Então se antes havia uma melhoria na renda, no emprego, as pessoas puderam adquirir planos, viajar de avião, por exemplo, tudo isso foi se desfazendo a partir de 2015. O que a gente tem hoje é uma população que tem diminuído nível de renda, tem empobrecido e isso ganha um reforço ainda maior com algumas ações que vieram nesse período. Que fizeram com que a população cortasse gastos, não supérfluos, porque saúde nunca vai ser supérfluo, mas que não necessitam de gasto imediato como alimentação, transporte, moradia. Já que existe um serviço público que ampara a população. É um pouco isso que tem acontecido”, destaca o economista.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel