Movimentos populares e de estudantes receberam, com indignação, a notícia do aumento da passagem de ônibus em Maceió. Em decisão nessa quinta-feira (26), o Conselho de Transporte e Trânsito da capital aprovou o reajuste para R$ 4,10 – atualmente, o valor é de R$ 3,65. A mudança, no entanto, ainda precisa ser aprovada pelo prefeito Rui Palmeira (PSDB) antes de começar a valer.

Membro do Comitê pela Redução da Passagem de Ônibus, Magno Francisco criticou a reunião realizada em pleno período natalino.

“Consideramos uma imoralidade a convocação de uma reunião extraordinária do conselho um dia após o Natal. Tudo isso para dar um presente para o baronato dos transportes, enquanto se limita o direito de ir e vir da população, retirando o pão dos que mais precisam”, rebateu Magno.

“Além disso, os empresários nunca cumpriram o contrato de licitação e, agora, que há uma auditoria no contrato, eles impõem um aumento sem sequer a auditoria ser concluída, tampouco ser feito um estudo dos insumos. É uma covardia total. O transporte público aqui é um dos piores entre as capitais e a passagem é a mais cara, mesmo sendo uma capital que reúne dramáticos índices sociais”, pontuou.

Ele também afirmou considerar abusivo o reajuste de mais de 12%. “A média do reajuste no Nordeste tem sido de 8%. Porém, a questão é que, desde que o contrato de licitação entrou em vigor, jamais as empresas cumpriram os deveres previstos em contrato, quais sejam, renovação de 100% da frota, climatização de toda a frota, pagamento de ISS [Imposto Sobre Serviços] e pagamento do valor referente ao Fundo Municipal de Transporte”.

Ainda segundo Magno, todos os aumentos aprovados, até agora, foram acima da fórmula paramétrica prevista em contrato, ficando “acima da média do diesel e acima da porcentagem de reajuste salarial dos trabalhadores rodoviários”. O representante do movimento lembrou, também, que a tarifa é acima da de Recife, uma cidade bem maior que a capital alagoana. Por isso, eles defendem uma redução.

“É vergonhoso! Consideramos que o valor de R$ 3,65 já é abusivo, e defendemos uma redução para R$ 3,15, um valor 12% menor”, ressaltou. “50% da população de Maceió vive com renda de até um salário mínimo, imagine pagar R$ 4,10 na passagem, o impacto que será na vida dessa pessoa”, acrescentou o membro do Comitê pela Redução da Passagem de Ônibus.

Na oportunidade, Magno criticou a falta de transparência nas discussões. “O conselho aprovou um reajuste sem sequer os números dos gastos com insumos, que baseiam a fórmula paramétrica, serem apresentados. É um conselho composto predominantemente por representantes da Prefeitura e empresários. É farsesco e não representa a sociedade. A deliberação de dez votos a favor e três contra o reajuste expressa bem isso”.

Tendo em vista o novo cenário, o Comitê pela Redução da Passagem de Ônibus se reúne, na manhã desta sexta (27), para definir o que será feito contra o reajuste.

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