Com a chegada do verão, é comum acontecerem aumento nos casos de ataques de animais peçonhentos. Segundo os especialistas, este aumento está diretamente relacionado aos hábitos dos animais e das pessoas, que neste período acabam se expondo mais aos riscos. Em Alagoas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), houve uma diminuição nos números gerais de registros. Foram 10.137 em 2019 contra 10.170 em 2018. Já em relação aos ataques de serpentes, o estado registrou um aumento. No ano passado foram 415 e em 2018 foram 343.

Vale lembrar ainda que os ataques de escorpião diminuíram ano passado, com 9.722 contra 9.827 em 2018. No entanto, em 2018 não houve óbito, conforme a Sesau. Já em 2019 houve um registro.

O médico veterinário Isaac Albuquerque, diretor da SOS Selvagens, especialista em animais selvagens e perito em animais peçonhentos, explica que estas espécies ficam mais entocados nas demais estações.

“Já no verão, com o aumento da temperatura, o calor acelera o metabolismo destes animais e eles saem mais a procura de alimentos tornando assim os acidentes mais comuns nesta época’’, explica o veterinário.

Os animais considerados peçonhentos de mais importância no estado são os escorpiões, as serpentes, as abelhas, as aranhas e lagartas. Estes dois últimos com menor índice de acidentes notificados. Mas também são considerados peçonhentos todos os animais que possuem órgão inoculador. Ou seja, aqueles que têm uma estrutura que ‘injeta’ o veneno.

Apesar de ser comum a maioria dos incidentes nesta estação, Isaac alerta que durante todo o ano há registro de ataques destes tipos de animais. “Os escorpiões especificamente, se alimentam de baratas e outros insetos e circulam em qualquer lugar que as encontremos, seja zona rural ou na cidade. E em nosso estado, a maior ocorrência é de ataque de escorpião amarelo, da espécie Tityus Stigmurus. O escorpião marrom (Tityus bahiensis) é menos comum. E é um dos mais perigosos”.

A explicação do especialista para os ataques dos escorpiões especificamente serem maiores no verão é de que no inverno, com as chuvas, as baratas somem dos bueiros e esgotos pelo excessivo no volume de águas e com isso os escorpiões têm mais dificuldade de se alimentar e os acidentes diminuem.

O filho do auxiliar administrativo, Joel da Silva Filho, o pequeno Pedro Jorge Acvioly Marques, 4 anos, foi picado em julho de 2019, no período da noite enquanto brincava em casa. O pai conta que o acumulo de lixo em uma casa do lado contribuiu para o acidente. Ele comenta ainda que houve outros casos na cidade neste período.

“Ele foi picado em casa, na área de serviço, devido à casa de uns dos vizinhos ter muito lixo. A parte da picada foi no pé, lavamos com sabão neutro e levamos para o hospital. Lá ele foi medicado com soro e vacina própria para mordida de escorpião. Mas não precisou outras vacinas, pois todas estavam em dias. Colocamos gelo. Teve febre, mas foi pouco, porque foi medicado rapidamente pela equipe plantonista”, disse Joel da Silva.

Joel conta que ele, a mãe e médica comentaram que não pode juntar lixo ou entulhos nos terrenos e no quintal de casa. E Pedro no outro dia comentou com os coleguinhas para não juntar lixo porque poderia ser picado por escorpião.
Acúmulo de lixo pode aumentar proliferação dos bichos
A Sesau ressalta os cuidados que devem ser tomados para evitar esse tipo acidente. Entre eles estão limpeza periódica do domicílio, evitando acúmulo de materiais como tijolos, pedras, lixo; cuidado ao manusear esses materiais; tapar buracos, frestas de paredes, janelas, portas e rodapés; sacudir roupas, sapatos e toalhas antes de usar; inspecionar roupas de cama antes de deitar.

Mas, caso os incidentes envolvendo os animais aconteçam, o infectologista Fernando Andrade reforça que o tratamento deve ser feito sob supervisão de um especialista.

“A grande maioria da picada do escorpião, cerca de 90%, é leve e o paciente deve fazer o uso de analgésicos passados pelo médico. Mas uma minoria pode apresentar uma forma grave (crianças e idosos). Por isso, qualquer picada deve ser avaliada de imediato para saber se é necessário tomar o soro específico”, alerta Andrade.

Ele acrescenta ainda que, a maioria dos ataques é noturna – geralmente os animais ficam em entulhos, lixo etc. “Geralmente na cidade eles ficam em fossa, entulhos, caixa de gordura e em locais onde tem baratas que é o principal alimento. Por isso, evitar o acúmulo de lixo é tão importante. Evitar deixa os ralos de casa abertos, quem tem quintal e puder criar galinhas também evita ter escorpião – predador natural deles. Vale ressaltar que não existe um veneno especifico para matar o escorpião”.

Isaac Albuquerque também compartilha da orientação de infectologista e diz que a vítima deve ser encaminhada para unidade de saúde. ‘’Após a picada a vítima deve ser encaminhada o mais rápido possível para um hospital de referência, no caso de Maceió é o HDT. Jamais deve colocar nada na lesão, não sugar o veneno, acalmar a vítima e encaminhar para atendimento especializado”.

Fonte: Tribuna Independente / Lucas França