O número de fumantes em Alagoas – acima de 18 anos- apresentou uma redução de 6,5% em 2017 quando comparado a 2016, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônica por Inquérito Telefônico (Vigitel), órgão vinculado ao Ministério da Saúde. Apesar da diminuição, algumas pessoas sentiram dificuldade para abandonar o cigarro, mas conseguiram. Outras, não deixaram de lado o vício mesmo lutando contra ele.

O pescador aposentado, Manoel dos Santos, fumava desde os 8 anos. De acordo com ele, o vício no cigarro sempre foi um de seus maiores problemas. Ele contou que já havia tentado se desvencilhar do consumo do tabaco, mas o principal motivo para o abandono do vício foi a morte de seus dois filhos no início deste ano.

“Eu sempre fumei, comecei a fumar com 8 anos e já tinha tentado parar, mas foi depois da morte dos meus filhos por causa do câncer de pulmão que resolvi abandonar o vício. A perda faz a gente refletir sobre a vida e a minha vida inteira eu vivi em função do cigarro”, ressaltou o pescador.

O aposentado disse que sentiu dificuldades para abandonar o vício, mas que conseguiu após muito esforço. “Não é fácil, as vezes me pego pensando no cigarro e sinto vontade de fumar, então me lembro que o cigarro tirou a vida dos meus filhos e não vou permitir que tire a minha também. Desde que parei de fumar tenho dormido melhor e respirado melhor. Mas se eu disser que foi fácil estarei mentindo” finalizou ele.

A coordenadora do Programa de Controle e Combate ao Tabagismo da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Vetrúcia Teixeira explicou que as ações educativas funcionam como uma medida para ajudar a reduzir o número de fumantes no estado e que além da inciativa a Sesau promove capacitações dedicadas aos profissionais dos municípios alagoanos.

“As ações pretendem capacitar os profissionais para auxiliar a população principalmente diante da exposição a fumaça provocada pelo consumo do tabaco. Atualmente o trabalho está sendo executado no Hospital Sanatório para que ele se torne um ambiente livre do fumo, sendo assim as pessoas que frequentam aquele local já estão sendo conscientizadas para não consumir tabaco naquela zona”, explicou Teixeira.

Com a relação à quantidade de doenças causadas pelo uso contínuo do tabaco a coordenadora afirmou que existem cerca de 60 tipos. Dentre eles se destacam todas as modalidades de câncer, as doenças cardiovasculares e as respiratórias. Somente no ano passado o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou R$ 39 milhões com internações causadas pelo uso de tabaco e R$ 25 milhões com doenças cardíacas em pessoas com faixa-etária de 30 a 69 anos.

Mesmo sabendo dos riscos, a empregada doméstica Rosiete dos Santos não consegue abandonar o vício. São mais 20 anos fumando quase uma carteira de cigarro por dia. Ela conta que já tentou parar algumas vezes, mas não consegue devido às crises de abstinência.

“Eu fumo desde criança e nunca consegui parar definitivamente, sinto minha saúde cada vez mais debilitada, mas toda vez que tento abandonar chega alguém me oferecendo e eu volto atrás. Fora que as crises de abstinência que me deixam nervosa. Eu sei dos riscos que corro por causa do cigarro, só que ainda não consegui tomar a iniciativa de parar de vez”, explicou Rosiete.

De acordo com Vetrúcia existem alternativas para as pessoas que já estão viciadas e explicou que elas variam de indivíduo para indivíduo. “É por essa razão que o Programa de Controle e Combate ao Tabagismo da Sesau contribui para a realização do tratamento de fumantes. Na capital os locais de Terapia e atendimento são o Hospital Universitário (HU), Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e o 2° Centro de saúde”, finalizou a coordenadora.

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