Diversos grupos culturais se reuniram, na tarde desse domingo (2), na orla de Maceió, para celebrar mais uma edição do Xangô Rezado Alto, evento que lembra o episódio conhecido como “Quebra de Xangô”, quando 150 casas de culto de matriz africana celebravam o Dia de Iemanjá e foram atacadas por uma milícia que destruiu objetos sagrados e espancou uma mãe de santo, há 108 anos. Esta foi a nona edição do festejo realizado pela Prefeitura de Maceió.
O evento é coordenado pela Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac) desde 2013 e contou com um cortejo de cinco grupos culturais, além da apresentação de mais seis grupos em um palco na Feirinha da Pajuçara.
Para Amaurício de Jesus, coordenador de Políticas Culturais do órgão, essa é uma forma de fazer a sociedade refletir sobre o tema. “As comunidades tradicionais chegam para lembrar a população da importância dessas tradições e a forma como essas tradições ajudaram a construir a cidade”, comentou.
O coordenador fala, ainda, como a ação ajuda a minimizar o preconceito. “Trazer esses grupos para esse ambiente é dizer e demonstrar que as pessoas têm direito de circular e estar onde elas querem estar”, finalizou.
Sobre essa intolerância, Lucélia Tayna, de 24 anos, fala um pouco. “O Quebra aconteceu em 1912, mas atualmente a gente ainda sofre diversos quebras. Eu quando chego no ônibus, de turbante, e o outro não quer sentar ao meu lado, eu quando vou para a faculdade e sou olhada com crítica. Por isso, acho que o Xangô Rezado Alto tem que ser estudado, anunciado e vivenciado todos os dias do ano”, disse a jovem que faz parte do grupo Afoxé Odô Iyá, o primeiro Afoxé de Alagoas, e se apresentou na celebração.
Luciana Fon, servidora pública, estava encantada com as apresentações e com a história do evento. “Essa é a primeira vez que venho acompanhar, mas já tinha ouvido muito falar. Acho que a resistência deles é muito importante. Num país como o nosso, a gente não tem que ter preconceito. Temos que nos respeitar”, ponderou.
Por Jobison Barros com informações da assessoria
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