A cena é de completo descaso com crianças e adolescentes estudantes da rede pública estadual de ensino, que são transportados em ônibus escolares lotados, após mudanças ocorridas no sistema de transporte escolar da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), pasta comandada pelo vice-governador Luciano Barbosa (MDB).

iante do cenário, mães se veem aflitas com o perigo levado pelo poder público aos alunos de escolas da região do bairro do Benedito Bentes, em Maceió. Além do aperto diário nas conduções, os estudantes ainda são obrigados a descer na pista central da localidade, próximo ao terminal de ônibus do bairro, distante das escolas onde estudam e expostos ao intenso tráfego de veículos na localidade.

A Gazeta já havia apresentado denúncia de familiares dos alunos no início deste mês, que reclamavam das alterações na parada dos ônibus, que não mais deixam as crianças e adolescentes à porta das instituições de ensino. O problema somente se agravou e ainda resultou também na superlotação dos veículos com estudantes transportados em pé e, até mesmo, em locais como a dianteira do ônibus ao lado do motorista, sem qualquer segurança.

“Vemos crianças pequenas com adolescentes dentro de um mesmo ônibus, disputando acentos. Isso não dá certo. Deve ser cada ônibus em sua escola. Está sendo muito perigoso deixar as crianças na pista central do Benedito Bentes”, declarou Sônia Luzia Pereira, mãe de três estudantes com idades entre 12 e 15 anos. Eles residem no conjunto Aprígio Vilela e estudam na Escola Estadual Rubens Canuto.

No último dia 3, André da Costa Araújo, pai de uma estudante da Escola Estadual Doutora Eunice de Lemos Campos, que fica a uma distância de 1,3 km do terminal, também já havia cobrado solução ao problema e demonstrado preocupação com a situação.

“Aquela região é perigosíssima, tenho medo do que possa acontecer com minha filha no caminho”, enfatizou. Ao ser questionada, a Seduc comunicou, na ocasião, que não estava ciente das mudanças no transporte da região, que iria apurar os fatos e se manifestar sobre a situação, sem, no entanto, apresentar respostas até esta quinta-feira (11).

Desde a terceirização no sistema de transporte escolar promovido pela Seduc, na gestão do governador Renan Filho (MDB), há aproximadamente cinco anos, começaram a surgir problemas, que envolveram atraso nos pagamentos dos transportadores e paralisações no sistema em prejuízo de milhares de estudantes em todo o estado, que já realizaram diversos protestos, sem solução às deficiências até agora.

Ano passado, o secretário Luciano Barbosa chegou a assinar Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público de Alagoas e, entre outras medidas, retomou a formação de frota própria do Estado, porém, como revelado e denunciado por pais e estudantes, a situação permanece caótica.

Por Marcelo Amorim | Portal Gazetaweb.com